sexta-feira, 10 de julho de 2009

vou ali mas volto já

Moçada,

próximo dia 15, vou subir a serra e dar uma espiadinha no Festival de Inverno de Garanhuns, onde rola muita música: meu maior vício, que não deixa de ser uma virtude ;-)

tou voltando em agosto,
té mais!

Beijos & Abraços procês

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Regionalismos

Nordestino não fica solteiro: fica solto na buraqueira!
Não vai com sede ao pote: vai com a bexiga taboca!
Não vai embora: pega o beco!
Fica com a mulesta dos cachorros quando se empolga!
Não é fiel: é manicaca!
Não bate: senta-lhe a mãozada!
Não sai pra farra: sai pro muído!
Não bebe um drink: toma uma!
Não é sortudo: é cagado!
Não corre: dá uma carreira!
Não ri dos outros: manga!
Não toma água com açúcar: toma garapa!
Não engana: dá um migué!
Não percebe: dá fé!
Não sai apressado: sai desembestado!
Não aperta: arroxa!
Não dá volta: arrudeia!
Não espera um minuto: espera um pedacinho!
Não é distraído: é abilolado!
Não fica com vergonha: fica encabulado!
Não passa a roupa: engoma!
Não ouve barulho: ouve zuada!
Não acompanha casal de namorados: segura vela!
Não rega as plantas: agoa!
Não quebra: tora!
Não é esperto: é desenrolado!
Não é rico: é estribado!
Não é homem: é macho!
Não grita "seu desalmado": grita "infeliz das costa ôca!"
Não pede almoço: pede o cumê!
Não come carne: come mistura!
Não lancha: merenda!
Não fica satisfeito quando come: enche o bucho!
Não dá bronca: dá carão!
Não fica com raiva: pega ar!
Não casa: se amanceba!
Não tem diarréia: tem caganeira!
Não tem mau cheiro nas axilas: tem suvaqueira!
Não tem perna fina: tem dois cambitos!
Não é mulherengo: é raparigueiro!
Não exagera: aumenta!
Não vigia: pastora!
Não se dá mal: se réia, se lasca todinho!
Nordestino quando se espanta não diz: "Noooosssa!":
diz: "Vigi Maria! Affe Maria!"

Não compara dizendo "Como é que pode?": diz "Sostô!"
Não vê coisas de outro mundo: vê uns malassombros!
Não é chato: é gabola!
Não é cheio de frescura: é pantinzeiro!
Não pula: dá pinote!
Nordestina não fica grávida: fica buxuda!
Nordestino não fica bravo: fica com a gota serena!
Não é malandro: é caba de peia!
Não fica apaixonado: ele arreia os pneus!



PS: Gostaria de acrescentar uma outra versão a "senta-lhe a mãozada!", que meu pai dizia: "dá-lhe uns tabefe!".

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Arte da Delicadeza

Desde que li as primeiras páginas desse livro, decidi que escreveria sobre ele aqui, no refúgio. Hesitei durante um tempo porque não sabia muito bem por onde começar, o que falar. Não que seja um livro difícil, muito pelo contrário: é um livro simples e muito, muito delicado. Mas como é difícil falar de coisas simples e delicadas...

Em O Livro dos Abraços, Eduardo Galeano, escritor uruguaio, nos conta histórias que ouviu ou viveu durante suas andanças pela América, sobretudo América Latina. São 191 textos - entre pequenas histórias e pequenas (grandes) reflexões de Galeano - impressos, cada um, em, no máximo, duas páginas. Algumas histórias são doces e inocentes; outras, sensuais; outras, ainda, fazem rir; e como não poderia deixar de ser, Galeano também conta histórias da dor de quem viveu - ele, inclusive - uma ditadura militar, que não foram poucas na nossa latinamérica: histórias de exílio; de bravura; de saudade dos amigos; de perdas irreparáveis. Tudo escrito com muita singeleza sem, contudo, excluir o lirismo.

O Livro dos Abraços, com seus textos enxutos, consegue expor todo o calor, inquietação e dor da América Latina. Um livro que emociona, seja em momentos de inocência, riso, aflição, coragem ou paixão. Um livro que, como nas palavras do editor, "é delicado e afiado, como a própria vida. Pode afagar, pode cortar. Mas seja como for, como a própria vida, vale a pena".