paredes aceitam, relutantes, pregos e quadros
mas aceitam de bom grado olhares perdidos
***
sempre dou olhos e ouvidos às paredes,
evito dar voz: paredes guardam segredos
***
um passatempo de infância:
descobrir o esconderijo das formigas que andam pelas paredes
***
um passatempo romântico:
gastar paredes com sonhos de amor
***
traças que percorrem paredes
sabem mais da eternidade
que o próprio tempo
***
tenho tanta intimidade com as paredes
que só de olhá-las
já sei o que estou tramando
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
inútil
esse poema nasce
apesar de
nasce porque insiste
não sabe a que veio
mas em meio a dúvida
existe
não pulsa não bate
nem combate
nasceu de inutilidade
esse poema existe
apesar de
não é carne não é osso
o que canta o que sente
não ouço
apesar de
nasce porque insiste
não sabe a que veio
mas em meio a dúvida
existe
não pulsa não bate
nem combate
nasceu de inutilidade
esse poema existe
apesar de
não é carne não é osso
o que canta o que sente
não ouço
domingo, 25 de setembro de 2011
No Olimpo - Nação Zumbi
"Todos os dias nascem deuses
Alguns maiores e outros menores do que você
Todos os dias nascem deuses
Alguns maiores e outros menores do que você
Alguns maiores e outros menores do que você
Todos os dias nascem deuses
Alguns maiores e outros menores do que você
Esse é o alvorecer de tudo que se quer ver
Sem fazer sombra na melhor hora do sol
Eternidade duradoura com sossego então
Sem fazer sombra na melhor hora do sol
Eternidade duradoura com sossego então
Melhor que fique assim
Todos os dias nascem deuses
Alguns maiores e outros menores do que você
Todos os dias nascem deuses
Alguns maiores e outros menores do que você
Alguns maiores e outros menores do que você
Todos os dias nascem deuses
Alguns maiores e outros menores do que você
Essa é a janela dos outros em ação
Beijos explodem como bombas ao anoitecer
Brinquedos avançados acendendo o som
Não estaremos dormindo
Beijos explodem como bombas ao anoitecer
Brinquedos avançados acendendo o som
Não estaremos dormindo
Todos os dias fazem deuses
Alguns melhores e outros piores do que você
Todos os dias fazem deuses
Alguns melhores e outros piores do que você
Todos os dias fazem deuses
Alguns melhores e outros piores do que você"
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
constatações
amor que inspira
passa o tempo
e não expira
---
às vezes tenho uma leve ideia de quem sou
mas apenas uma breve ideia
nada mais que uma grave ideia
passa o tempo
e não expira
---
às vezes tenho uma leve ideia de quem sou
mas apenas uma breve ideia
nada mais que uma grave ideia
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
O Verme e a Estrela
Pedro Kilkerry/ Cid Campos
imagem do encarte do disco
O Verme e a Estrela é uma das músicas que eu mais gosto deste disco, seja pela melodia, pela letra, pela voz da própria Adriana e pela participação, especialíssima, de Augusto de Campos que empresta sua voz, suave e elegante, ao poema.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
um poeminha e um causozinho
a poesia
nunca me deu intimidade
quando roça meus lábios
é pura per(verso)dade
nunca me deu intimidade
quando roça meus lábios
é pura per(verso)dade
***
tinha uma mulher que todo dia cantava a vizinha e roubava um ovo de galinha. todo dia ela ia e vinha. todo dia essa ladrainha.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Poemas de Líria Porto
in Tanto Mar
espantalho
não tenho mar não tenho rio
e nem lagoa enxurrada ou copo d'água
tenho mesmo é esse jeito de ser_tão
essa sede essa secura esse bagaço
ao invés de coração
ou vísceras
não foi um amor de primeira
nem um amor de segunda
foi um amor comum
que me fez rir e chorar
e viver como nunca
espantalho
não tenho mar não tenho rio
e nem lagoa enxurrada ou copo d'água
tenho mesmo é esse jeito de ser_tão
essa sede essa secura esse bagaço
ao invés de coração
ou vísceras
monocultura
a cana chupa a terra
e deixa só o bagaço
desclassificadonão foi um amor de primeira
nem um amor de segunda
foi um amor comum
que me fez rir e chorar
e viver como nunca
seguidora
um sol meio sonso
desses de inverno
roça o horizonte
de um jeito terno
e minha janela
sempre boquiaberta
fita-o de longe
como se quisesse
mudar pro japão
uma noite sim
outra noite não
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
do riso
o riso
após o siso
é como o sol
desfazendo sombras
brisa leve
tormenta que passa
passarinho
abrindo asas
após o siso
é como o sol
desfazendo sombras
brisa leve
tormenta que passa
passarinho
abrindo asas
a bela que afugenta a fera
o inverno que sucumbe
à primavera
domingo, 11 de setembro de 2011
sendo
estou reaprendendo
a ser
sendo eu
porque cer
ceando-me
custou-me
tantos dias borboletas
tantas noites doeu
a ser
sendo eu
porque cer
ceando-me
custou-me
tantos dias borboletas
tantas noites doeu
descobrindo poetas
A gente se acostuma a ler poetas e escritores(as) mortos (agora imortais). Se vivos e novos, lemos aqueles que já caíram no gosto da crítica. Mas é muito bacana descobrir gente talentosa que dificilmente descobriríamos se não fossem os blogs e afins (apesar de me arriscar em poesia não circulo pelo meio de poetas e escritores). Devo confessar que pouca coisa (e conheço pouco mesmo) me agrada, em termos de poesia. Gosto de concisão, simplicidade, ritmo e originalidade (existem exceções, claro). Características que eu mesma busco ao fazer um poema e não é nada fácil... Hoje, procurando por poesia chilena insurgente (por causa do 11/09/1973) acabei encontrando um blog de um doutorando em Sociologia pela UFPE e também poeta, Vamberto Spinelli Jr.. E através de seu blog conheci outro poeta, professor do curso de Letras da UFPB, Amador Ribeiro Neto. Seguem dois poemas deste último:
saudades
assim
saudades sim
simples
como brinco tupiniquim
um coco de roda
cirandas voltas de tu em mim
falta dinheiro & falta
falta um poema
aqui
no meu bolso
com tutano medula
& osso
poucos
bem loucos
raros poetas
falam disto
muito
poucos
Em outra postagem apresentarei poemas de Líria Porto e Ulisses Borges. Poetas que também conheci através da blogosfera. E depois seguirei apresentando outros.
saudades
assim
saudades sim
simples
como brinco tupiniquim
um coco de roda
cirandas voltas de tu em mim
escassez
falta dinheiro & falta
falta um poema
aqui
no meu bolso
com tutano medula
& osso
poucos
bem loucos
raros poetas
falam disto
muito
poucos
Em outra postagem apresentarei poemas de Líria Porto e Ulisses Borges. Poetas que também conheci através da blogosfera. E depois seguirei apresentando outros.
sábado, 10 de setembro de 2011
mondo capital...
se picasso pixasse
seu pixo seria graffiti
logo de antemão
seria avaliado em milhão
verdadeira obra-prima de elite
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
passado porvir (sem nostalgia)
escrevo porque preciso
porque a vida começou
bem antes de mim
porque tudo o que não fiz
tem que ser inventado
tem que ser lembrado
do começo até o fim
o passado ainda não passou
mais um passo
e o presente
vira de ponta-cabeça
o passado tem futuro
e algum sonho
que o mereça
porque a vida começou
bem antes de mim
porque tudo o que não fiz
tem que ser inventado
tem que ser lembrado
do começo até o fim
o passado ainda não passou
mais um passo
e o presente
vira de ponta-cabeça
o passado tem futuro
e algum sonho
que o mereça
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
eu capim
cresce em mim
uma vontade capim
de deitar na terra
podia ser vontade flor
assim feito jasmim
mas tenho vocação de pasto
ser comida de gado
ser lambida e mastigada
certamente, além de doido
é desejo pouco casto
uma vontade capim
de deitar na terra
podia ser vontade flor
assim feito jasmim
mas tenho vocação de pasto
ser comida de gado
ser lambida e mastigada
certamente, além de doido
é desejo pouco casto
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
a palavra e o som
o som mora na palavra
dança, ecoa, curva
a palavra veste o som
como uma luva
dança, ecoa, curva
a palavra veste o som
como uma luva
***
ton sur ton, de mansinho
a palavra grito
fala baixinho
vazio
o vazio tem algo de secura
alguma coisa distante do cio
nem gozo, nem choro, tampouco chuva
nem um arrepio
o vazio guarda o silêncio da alma
na caverna, o eco
no vazio eu seco
e essa vida por um fio
terça-feira, 6 de setembro de 2011
coisa & coiso
quero você bem perto
da minha coisa
ereto, todo afeto e febre
eu afoita e lebre
de provar seu coiso
da minha coisa
ereto, todo afeto e febre
eu afoita e lebre
de provar seu coiso
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
"Cultura" - Arnaldo Antunes
Este vídeo-música-poema faz parte do dvd Nome (1993) de Arnaldo Antunes. Hoje de manhã estava revendo as músicas desse dvd pelo youtube pois não o tenho em casa. Assisti há quase 20 anos na biblioteca central da UFPE quando ainda cursava arquitetura. Lembro que gostei demais. Como tenho relido poemas de Leminski e também a poesia visual de Augusto de Campos, lembrei do Arnaldo que tem uma influência inegável desses poetas.
Arnaldo Antunes, desde a época dos Titãs, faz das letras de suas músicas, poemas (ou seriam poemas que se fazem música?) que são musicais por si próprios, independente da melodia. Claro que a música acrescenta maior graça (e ritmo) às letras. Quem já ouviu "O que" do disco Cabeça Dinossauro (1986) dos Titãs, sabe do que estou falando. Cantei (e dancei) um bocado essa música. Aliás o disco todo, um dos melhores dos Titãs.
Em Nome (livro, cd e dvd), seu primeiro trabalho solo depois que saiu dos Titãs, Arnaldo leva ainda mais longe seu trabalho como poeta/músico e acrescenta a poesia visual realizando vídeo-poemas. Acredito que, pelo fato de gostar mais de música do que poesia, tenho preferência por poemas que têm ritmo, ludicidade, que brincam com a sonoridade e o conceito das palavras. E como também gosto de artes visuais, o dvd Nome me agradou logo de cara! Poderia ter escolhido outro poema-música do dvd mas escolhi "Cultura" não apenas porque considero muito criativo mas, principalmente, pelo verso final que acho maravilhoso: "bactérias num meio é cultura". E quem há de lhe contradizer? É fato (risos).
PS: não poderia deixar de mencionar a participação impecável de Marisa Monte - nesta e em outras músicas do dvd - que, por onde passa, deixa seu brilho!
Eis o vídeo
Arnaldo Antunes, desde a época dos Titãs, faz das letras de suas músicas, poemas (ou seriam poemas que se fazem música?) que são musicais por si próprios, independente da melodia. Claro que a música acrescenta maior graça (e ritmo) às letras. Quem já ouviu "O que" do disco Cabeça Dinossauro (1986) dos Titãs, sabe do que estou falando. Cantei (e dancei) um bocado essa música. Aliás o disco todo, um dos melhores dos Titãs.
Em Nome (livro, cd e dvd), seu primeiro trabalho solo depois que saiu dos Titãs, Arnaldo leva ainda mais longe seu trabalho como poeta/músico e acrescenta a poesia visual realizando vídeo-poemas. Acredito que, pelo fato de gostar mais de música do que poesia, tenho preferência por poemas que têm ritmo, ludicidade, que brincam com a sonoridade e o conceito das palavras. E como também gosto de artes visuais, o dvd Nome me agradou logo de cara! Poderia ter escolhido outro poema-música do dvd mas escolhi "Cultura" não apenas porque considero muito criativo mas, principalmente, pelo verso final que acho maravilhoso: "bactérias num meio é cultura". E quem há de lhe contradizer? É fato (risos).
PS: não poderia deixar de mencionar a participação impecável de Marisa Monte - nesta e em outras músicas do dvd - que, por onde passa, deixa seu brilho!
Eis o vídeo
sábado, 3 de setembro de 2011
amor que é amor, repete!
quando fui
já era tarde
quando quis
já era noite
tudo aconteceu
tudo fiz
de manhã
tudo bis
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