quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

é o seguinte...

Tem um blogue novo na parada, de uma pessoa muito especial,
chama-se Sobre Tudo Nós Desatados do meu querido Miguel Pedrosa.
Miguel é professor de história da rede pública estadual de pernambuco, é uma das pessoas mais eruditas e intelectualizadas que eu conheço.
Miguel também foi meu companheiro de cama, mesa e banho por doze anos e continua sendo meu amigo e companheiro de sonhos de revolução. Diz ele que seu blogue é apenas um blogue de citações... Vá lá, que seja, afinal, vindo dele, um blogue de citações é sempre maravilhoso de se ler e pensar e sonhar...

Bom Natal e que 2009 seja melhor que 2008
no mundo inteiro
Muita paz, saúde, amor, tesão e alguns trocados no bolso
sem esquecer que a luta continua, sempre!
Provavelmente só voltarei a postar ano que vem,
ou seja, em breve!
Podem aguardar minhas provocações lascivo-subversivas,
vocês não perdem por esperar, hahahaha...


Beijos & Cheiros
carinhosamente,
sandra.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

aviso aos leitores/as

moçada (Vais, tou aqui!)

não tenho postado por absoluta falta de vontade e tempo também. hoje é a segunda vez nesta semana que acesso a uébi (final de ano é fogo!). sem falar que sem computador em casa, tudo fica mais difícil...
quando der eu apareço e retorno às visitas. só tou dando notícias pra vocês saberem que eu ainda estou viva.

beijos procês


segunda-feira, 24 de novembro de 2008


quando vir teu pênis pela primeira vez

não vou medi-lo, nem julgá-lo
ficarei trêmula
ofegante
e ligeiramente tímida
de mãos e boca

quando vir teu pênis pela primeira vez
serei perversa
pela eternidade de um instante
saboreando-o
num lambelábios de olhos

sexta-feira, 14 de novembro de 2008


boca na boca
pele na pele
vadiagem!

na janela
essa chama ao vento

nosso amor vagabundo

tremula


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

faltou soprar mais uma velinha...

Em abril deste ano meu pai faleceu.
Hoje, se estivesse vivo, estaria completando 80 primaveras.

Salve, Seu Maurício! Salve!
A saudade é grande...


Ah, a foto acima é do Menino Mauricinho.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008


tenho dupla personalidade:

uma é incendiária
em crepúsculos inflamados

a outra chacoalha auroras
com afagos e bater de asas

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

um biscuit tricolor

Uma homenagem ao Santinha... Não sabe quem é Santinha? Santinha é a maneira amorosa como nós, tricolores pernambucanos, chamamos o Mais Querido: Santa Cruz Futebol Clube.

E São Capiba mandou um recado do céu: "O Santinha há de voltar à primeira divisão! Somos madeira de lei que cupim não rói!"

Foto: Joab Borges

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

de neuróticos e de loucos

o neurótico vive tentando acertar o alvo
enquanto o louco
continua flanando
alegremente
com seu arco-e-flecha pendurado na lapela

sábado, 25 de outubro de 2008


rasguei em meu peito
uma ensolarada alameda
onde desfila garboso
um sonho de faca e seda


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

se quiseres, posso ser teu ópio

entrego-me a ti
reviro-me pelo avesso
sou mucosa exposta
à tua língua e desejo

embriago-te
são meus odores de fêmea
perfume aliciante
na pele
no ar
tesão fumegante

agora aspira-me e penetra-me!
sim, penetra-me!
penetra-me o impenetrável!
amor...
delírio...
sou papoula

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

o apogeu do cubismo

Três Músicos - Pablo Picasso


nada acabou
a aventura se renova
não linearmente
mas numa espiral crescente
está no ponto de mutação
quer queira, quer não
há um novo ensaio de revolução

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

o cubismo

Les Demoiselles d'Avignon - Pablo Picasso

O cubismo nos permite uma nova apreensão da realidade. Nele, a perspectiva tradicional é substituída por outro tipo de visão de mundo (visão de mundo?), onde as coisas são vistas sob diversos ângulos, simultaneamente. Por isso que eu gosto do socialismo, ops, quero dizer do cubismo, até porque a Narizinho é ou não é neta da Dona Benta? Peraí, isso tá um pouco nonsense. Pra você ver como são as coisas: o socialismo pode se impregnar de anarquismo, ops, quero dizer, o cubismo pode se impregnar de dadaísmo. E por falar nisso, sabia que Dadá era namorada do Corisco? E Lampião e seu bando usavam sapatos com salto na frente pra despistar a polícia. É, que nem o Curupira que tem os pés às avessas, com os calcanhares na frente. Ah, e sabia que Lampião costurava e bordava suas próprias roupas? E ninguém questionava sua masculinidade. Mas eu estava falando sobre o quê mesmo? Ah, sobre cubismo mas deixa pra lá, isso é papo-cabeça demais para uma humilde anarquista-socialista-arquiteta-costureira como eu. E que ninguém venha questionar minha feminilidade, se não, se não...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

ainda sobre revoluções (segunda e última parte)

Após a dissolução da antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), o "mundo livre" engrossou ainda mais sua lista de sofismas contra o socialismo. A grande mídia e os setores de direita disseram que aquele fato era a prova de que o socialismo estava fadado ao fracasso e decretaram o seu fim: " o socialismo está morto". Ora, se houve problemas e posterior esfacelamento da URSS foi por erros de seus líderes e pela persistência do ocidente em sempre tentar minar os Estados socialistas pois o modelo econômico capitalista obriga todas as nações a adotarem seu modo de produção.

Muitos podem dizer que não existe mais diferença entre direita (capitalista) e esquerda (socialista), que ambas se confundem, etc e tal. Estas pessoas estão equivocadas. Existe sim, polarização direita /esquerda e o socialismo continua vivo nos corações e mentes daqueles e daquelas que acreditam que um outro mundo é possível. Não se trata de otimismo alienado, nem ilusão. O socialismo é o único sistema capaz de oferecer direitos e oportunidades iguais porque altera o regime de propriedade e propõe algo revolucionário: o fim das classes sociais e com isto o fim da luta de classes. Impossível? Talvez (viva as utopias!). No entanto creio que mais impossível é acreditar que o mundo pode ser melhor apenas com honestos, caridosos e bons administradores, independentemente do sistema. Aos céticos, infelizmente, não tenho nada a dizer.

Há quem diga, criticando o socialismo, que a presença do Estado regulando tudo é ditatorial e suprime a liberdade. Concordo, em parte. A anarquia, talvez, seria o ideal mas exige um nível de organização, responsabilidade e consciência sociais que estão muito longe de serem alcançadas pela sociedade. Enquanto isso não acontece, o Estado não pode ser mínimo como defendem os neoliberais. O Estado é a unica instituição - até o momento - que pode garantir ao povo que ele não ficará a mercê das leis do mercado. De todo modo é bom lembrar que na "democracia" capitalista, o Estado está bastante presente fazendo das leis do mercado, suas próprias leis e socorrendo instituições financeiras com dinheiro público quando estas correm risco de falência, depois acalma o povo com assistencialismo e filantropia.

Mas fique tranqüilo, meu caro pequeno-burguês, num Estado socialista a propriedade privada não necessita ser totalmente abolida. Nem tudo precisa ser estatizado. Que fique claro que o socialismo não tem uma fórmula pronta, Marx e Engels não deixaram "a receita" e nem poderiam porque o socialismo se faz na práxis com a criatividade do povo. É um processo lento que exige de cada pessoa uma mudança radical na maneira de ver e pensar as relações pessoais, as relações sociais e o mundo. Cada nação deve descobrir o seu caminho que se faz caminhando, tropeçando, recuando e avançando.

Acredito que estamos vivendo um momento histórico especial na América Latina. Atualmente, a grande maioria dos países da América do Sul têm líderes de esquerda - ou ,ao menos, mais à esquerda - e na América Central ainda temos Nicarágua e Cuba (o herói da resistência ao imperialismo ianque). Movimentos sociais de esquerda também estão crescendo, se fotalecendo e lutando. Estamos todos unindo forças contra o Estado burguês e seu capital sujo. Ainda falta a consciência das massas, eu sei... mas a gente chega lá!

Oprimidos e oprimidas do mundo inteiro, UNI-VOS!
YA BASTA!


PS1: Ainda que bastante elementar esse quase manifesto é fruto das minhas inquietações de hoje e sempre.

PS2: Pensei em responder os comentários da postagem anterior mas ainda estou sem internet em casa e ficar muito tempo numa lanhouse não é possível. Perdoem-me.

PS3: Perdoem-me também aqueles/as que me enviaram emeio.

O desenho acima é de Rodolfo (Ro) Marcenaro do Manifesto Comunista (Marx & Engels) em quadrinhos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

ainda sobre revoluções (primeira parte)

É bastante provável que algum leitor ou leitora, tendo lido minhas duas últimas postagens, pense que eu estou fazendo apologia da luta armada. Não, caros/as leitores e leitoras. Ainda acredito (pero no mucho) que transformações sociais possam acontecer por meios pacíficos mas defendo o direito daqueles que se armam para resistir a repressão e opressão do Estado burguês. Paradoxal? Talvez... Mas e daí? Quem nunca foi (ou é) paradoxal que atire a primeira pedra.

Decerto diferenças culturais e históricas existem entre a América espanhola e a América portuguesa (diga-se, Brasil). Ambas sofreram com a violência de seus colonizadores. Índios foram dizimados, terras foram espoliadas, culturas foram destruídas ou ameaçadas de extinção. Diante de tamanha barbaridade não posso deixar de crer que não esteja no inconsciente coletivo de índios e camponeses, o sofrimento de seus ancestrais, sofrimento herdado por estes povos que ainda lutam pela garantia de suas terras. Nada mais natural, então, que movimentos revolucionários armados surjam no âmago desta população. O curioso é saber o porquê do nosso MST ser completamente desarmado (falo de armas de fogo, evidentemente), enquanto grupos revolucionários que também lutam pela terra e pelo socialismo, na América espanhola, não o são.
Decerto cada povo tem suas idiossincrasias mas creio que a história também explica.

A colonização espanhola foi muito mais demolidora e sangrenta que a colonização portuguesa. basta ver o poder de destruição dos espanhóis no século XVI. Comandados por Hernan Cortez, no México, eles puseram abaixo uma civilização inteira - o Império asteca e sua cidade Tenochtitlán, hoje, Cidade do México. Os golpes de Estado na América espanhola também foram bem mais violentos. Lembremos de um outro 11 de setembro, em 1973, no Chile, quando o Palácio de La Moneda foi bombardeado e Salvador Allende encontrado morto (ele estava no palácio) - bem diferente de como o nosso Jango foi afastado do poder. E recentemente, na Bolívia, assistimos a ação violenta dos opositores (de direita) do presidente Evo Morales (de esquerda), opositores estes que massacram camponeses e querem dividir a Bolívia em duas: uma branca e outra indígena. Já conhecemos esta história, chama-se apartação. Mas aqui , no Brasil, a violência dos setores de direita é escamoteada. Ninguém vê, ninguém viu, ninguém sabe quem mandou matar. Nossa esquerda, então, é bastante cautelosa, evitando o confronto armado (falo da esquerda atual).

Conclusão: Cada povo devolve aquilo que recebeu. Se a ação é violenta e explícita, a reação também tenderá a sê-la. O tipo de reação é uma resposta histórica.

A esta altura algum leitor ou leitora talvez esteja a fim de me perguntar : "Mas você ainda acredita que exista direita e esquerda?". E eu respondo que SIM mas discorrerei sobre isto numa outra postagem.

Até mais.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

mais uma doce postagem revolucionária

Quanto vale a vida de um homem, em quanto cada um avalia a sua própria vida, a troco de quê está diposto a mudá-la? Nós avaliamos muito alto o preço de nossas vidas. Valem um mundo melhor, nada menos. Homens e mulheres dispostos a dar suas vidas, têm direito a pedir tanto quanto valem. Há os que avaliam suas vidas por uma quantidade de dinheiro, mas nós a avaliamos pelo mundo, esse é o preço do nosso sangue... (Subcomandante Marcos).

Subcomandante Marcos é o principal porta-voz do EZLN - Exército Zapatista de Libertação Nacional (México).
Para saber mais vá a Wikipédia, estou sem tempo para colocar linques aqui.

Só mais una cosita: minha querida Vais, no comentário da postagem anterior, citou mais dois nomes de movimentos revolucionários da América Latina: FLMN - Frente de Libertação Nacional Faramundo Martí (El Salvador) ; e ELN - Exército de Libertação Nacional (Colômbia).
Grata, minha doce revolucionária!
Abraços a todos/as e VIVA O SOCIALISMO!!!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

o cúmulo da emoção é rimar música com revolução

O desenho acima não é uma brincadeira, tampouco uma sátira. Tive a idéia de fazê-lo após assistir o programa Estados Alterados da mostra Visionários - Audiovisual na América Latina. Dentro desse programa - focado em trabalhos politicos e históricos - o vídeo do colombiano Wilson Diaz, Los Rebeldes del Sur, mostra a gravação de um projeto musical dos guerrilheiros das FARC. Lindo!
E antes que alguém venha me lembrar do drama vivido por Ingrid Bittencourt, gostaria de dizer que no mesmo período em que Ingrid foi libertada, mais de 300 guerrilheiros das FARC estavam presos pelo Estado colombiano - um drama para seus familiares. Não defendo os métodos das FARC mas de uma coisa tenho certeza: seus guerrilheiros são muito mais vítimas que algozes.
Abaixo ao Estado opressor!
Viva la Revolución! Viva el Socialismo!
Há quem diga que eu sou um tanto panfletária. Fazer o quê? Tá no meu DNA. Adoro panfletos, manifestos, palavras de ordem e o escambau.

Ah, a mostra Visionários já passou por São Paulo, Fortaleza, está em Recife e ainda vai passar por Belo Horizonte, Salvador, Rio de janeiro, La Paz (Viva Evo Morales!), Buenos Aires, Cidade do México e Mérida (Viva todos os índios zapatistas de Chiapas!).
Só mais una cosita, não nos esqueçamos, NUNCA, de todos os movimentos revolucionários, seja de inspiração maoísta ou marxista-leninista (atuantes ou não), da América Latina: EZLN (México), FARC (Colômbia), FSLN (Nicarágua), Sendero Luminoso (Peru), Tupac Amaru (Peru) e o nosso MST, claro! Alguém lembra de mais algum? Diz aí, então!

VIVA A AMÉRICA LATINA!!!
Hoje eu tô alteradíssima...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

sonho e determinação

Gimi Rendriquis da Silva - Morador do Alto do Céu, periferia do Recife. Músico autodidata. Construiu sua própria guitarra com madeira de demolição e materiais reciclados. Vocalista, letrista e guitarrista da banda de rock psicodélico Flores na Gambiarra. A banda tem estúdio improvisado onde grava seus próprios cds e de outras bandas de rock, rap e pagode da comunidade. "Ainda não dá pra viver de música mas a gente se diverte", diz Gimi, que tem apenas 19 anos mas demonstra muita sabedoria. Vale a pena salientar que a versão da banda de Little Wing, de Jimi Hendrix, é sensacional!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

BambaTrio


Nina "Diva" Flor: delicadeza, sensibilidade, sensualidade, voz aveludada e poesia.
Bruno "Motown" Lago: mor responsa, beleza, vamo que vamo, sofredor do Santa Cruz Futebol Clube, samplers e scratches.
Emílio "Gainsbourg" Jordão: climatizações, navegações, sussurros, beijos, carícias, autógrafos e sintetizadores Moog.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O Pensamento Libertário de Lin Pi

Ainda que suas idéias sejam bastante anarquistas,
Lin Pi também crê no maoísmo,

seja por herança cultural ou atavismo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

das páginas amarelas do meu bloquinho

Lin Pi mora em Petrolina mas trabalha em Juazeiro. Ela assiste Godard num belo cinema que um dia foi puteiro. Ela é poeta, camponesa e se diz maoísta. Só usa óculos 3D e namora um velho anarquista. Negra é a cor dos seus cabelos e vermelhas as paredes de seu lar, doce lar...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

quarta-feira, 20 de agosto de 2008


quarenta golpes de língua

e minha buceta está no ponto -
já posso abrigar sua tormenta

sob o chumbo da nuvem
descarga elétrica forja a lâmina -
corta-me o céu da carne!

vermelho nos lábios da poça escaldada -
espelho da lua sangra
fervo a 100ºC
0
0

PS: Grata, muito grata a todos/as pelas congratulações de aniversário. Beijos! O tempo continua curto...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

a pós-modernidade de uma certa pernambucana (à maneira modernista, se é que me entende)

1. a poesia tem razões que a própria razão científica desconhece.
2. esqueça o método. experimente a anarquia e seu contra-método.
3. incluir é melhor que excluir. se "menos é mais", mais é demais!
4. seja híbrido. você não é um cão para se preocupar em ter pedigree.
5. a uniformidade enfraquece. a diversidade fortalece.
6. não pense que tem controle sobre tudo pois tudo foge ao nosso controle. pode crer!
7. tenha estilo, de preferência um contra-estilo.
8. permita-se ser contraditório. sua saúde mental agradecerá.
9. não hesite em construir verdades mas, em certos casos, não vacile em destruí-las. assim caminha o conhecimento.
10. o absurdo não obscurece a razão. ele a subverte pela contra-luz.
11. "deve-se duvidar de tudo" já dizia o velho e bom Karl Marx... Marx era pós-moderno? oxente...
12. a pós-modernidade bebe da fonte de todas as tradições (e contradições) incluindo a própria tradição modernista.
13. por causa e apesar de tudo o que foi dito acima - idéias que não são novidades - ainda creio que o projeto modernista (antes uma causa que um estilo) não está esgotado, se é que me entende...

PS: segundo muitos teóricos a pós-modernidade nasceu em 1968. naquele ano escandaloso eu nasci, dividida entre as certezas modernas e as incertezas pós-modernas.
"nenhuma culpa", diria o I Ching.
hoje estou completando 40 anos de ambigü(idade).
hoje é meu aniversário!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

coisa do meu afilhado virtual


"Adoro quando sai coisa do Animot no Refúgio da Sandra C."
César xrmr in Animot
000
E eu adoro quando o Refúgio aparece no Animot :D

segunda-feira, 28 de julho de 2008

se minha bolsa falasse...

Certa vez um rapaz, ao observar o conteúdo de minha bolsa, comentou: "bolsa de mulher é tudo igual, cheia de coisas supérfluas". Ele falou de um jeito que não me deixou irritada, pelo contrário, até achei graça.

Hoje, mexendo em minha bolsa, me lembrei dele e de sua frase. Fiquei pensando quão relativo é o conceito de "coisa supérflua" que varia, não apenas, de pessoa para pessoa como também de acordo com a situação. Por exemplo, para que serve acumular em minha bolsa tantos folhetos que recebo na rua? Aparentemente não serve pra nada. Mas tem momentos que o verso em branco do folheto serve de rascunho, seja para anotar o telefone de alguém, seja para anotar o nome do livro que descobri na livraria e fiquei a fim de comprar, ou simplesmente serve pra escrever um poema. Acredita que eu já fiz um poeminha, em pé, na fila de um banco?

Se minha bolsa falasse, talvez recitasse poesias.

Eu poderia escrever tudo na minha agenda, é verdade, mas como ela é pesada poucas vezes a levo na bolsa, prefiro deixá-la em casa. Mas voltando aos folhetos, nem sempre conservo-os na bolsa pra servir de rascunho. Também guardo porque gostei da arte, da diagramação, principalmente os que anunciam festas - sempre divertidos - e os que divulgam exposições de arte. Muitas vezes não vou às festas, perco a exposição mas guardo o folheto.

Se minha bolsa falasse, seria uma ótima anunciante de eventos festivo-culturais.

Mas minha bolsa também carrega ingressos de cinema usados (super supérfluo), boletos bancários (pagos e não pagos), notas de compra - qualquer nota, seja a do pão da padaria ou da calcinha de algodão que eu comprei numa promoção das Lojas Americanas. A bichinha (ela, minha bolsa) às vezes também serve de guarda-lixo porque eu sou daquelas que, não encontrando uma lixeira na rua, enfia o lixo dentro da bolsa, tadinha... Minha bolsa deve ter horror ao fato de sua dona ser politicamente correta. E por falar em "politicamente...", seja em manifestações de ativismo ou em época de eleições, ela (a bichinha, minha bolsa) se enche de panfletos. Então eu digo a ela: "Vamos lá, companheira, à luta!"

Se minha bolsa falasse, gritaria palavras de ordem - às vezes, desordem.

Mas não só de papelada se enche minha bolsa. Nela também carrego minha carteira vermelha, meu porta-níquel de pelúcia rosa-choque, chave de casa, óculos escuros e outro de grau, celular, caneta, batom, escova de dente, um pente, filtro solar (mas acabou...), porta-absorvente, às vezes camisinha e lubrificante íntimo, muito útil em casos de sodomia.

E aquela frase daquele rapaz - sim, aquela mesma, do início desta crônica - foi proferida justamente enquanto ele procurava em minha bolsa o tal lubrificante. Naquele momento de urgência em saciar o desejo, devo concordar com ele: quase tudo em minha bolsa era supérfluo.

E se minha bolsa já tem uma alma feminina, certamente sentiu prazer ao toque das mãos másculas daquele rapaz que, despudoradamente, explorou-a e vasculhou-a ainda úmida da chuva na qual a fizera mergulhar comigo, a caminho do hotel, numa noite de razão supérflua.

terça-feira, 22 de julho de 2008

nem toda revolta gera revoluções
mas toda revolução nasce da revolta
revoltemo-nos então!!!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

pausa

Vou sumir por uns dias.
Vou subir a serra e curtir um pouquinho do Festival de Inverno de Garanhuns.
Voltarei semana que vem.

Ótima semana procês.
Até mais.

terça-feira, 8 de julho de 2008

céu de kamikase

Passando pela casa de minha irmã, resolvi publicar esse desenho que já tinha feito há um tempo atrás.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Butch Cassidy & Sundence Kid

montagem e edição : sandra camurça


O "recorta e cola" acima tem sérios problemas de acabamento. Não, não estou sendo irônica. Falo da colagem em si. Por isso amo computador. Com ele a humanidade não precisa se preocupar em ter a precisão das máquinas. Afinal, nada mais humano que ser impreciso e mal-acabado. E viva a fragmentação!!!

sábado, 5 de julho de 2008

recortando, colando e nham nham nham...

Sem computador em casa decidi botar a mão na massa, ou melhor, no papel, na tesoura, na cola... Mas também gosto de botar a mão na massa, de trigo, de mandioca... Caio de boca, adoro! nham nham nham... E nesse São João me fartei de delícias juninas. Como diria Seu Maurício, meu pai, "comi feito um bispo", rsrs...

PS: Vais, esse "recorta e cola" é procê e pras pimpolhas. Adoraria vê-las me chamando de "titia" ;-)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

minha poesia quer virar cinema
uma hoste de fotogramas
disposta a qualquer momento
a estilhaçar a escrita
a aniquilar o verbo
ser toda luz e movimento

sexta-feira, 27 de junho de 2008

dois poemas

cerimônia do chá

você me beija
eu te dou meu calor
e olhos de gueixa

meu artífice
o
em sua boca meus seios foram moldados
em sua língua meu sexo foi esculpido
minha carne foi tingida da cor do seu amor
minha epiderme assumiu a textura da sua dor
sou obra sua
você me recriou

sexta-feira, 20 de junho de 2008

imagem capturada do google images
Capelinha de melão é de São João
é de cravo, é de rosa, é de manjericão
São João está dormindo

não acorda não!

acordai, acordai, acordai João!

(cantiga popular)

É o seguinte, só postarei novamente depois de São João, na quarta-feira, ou quinta, ou sexta, não sei, não sei, tá complicado postar sem computador em casa... e tou sentindo a mor falta de desenhar no paint... é a vida, é a vida...
Feliz São João procês
Beijos & Abraços
Inté.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

nem tão zen que não possa ser passional, nem tão passional que não possa ser zen


a Matsuo Bashô


esqueço o tempo
bananeira balança
com o vento


a Vladimir Maiakovsky


nas revoluções ou nas paixões
(não importa)
reviro-me pelo avesso
e sou toda buceta

domingo, 15 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Imaginária

Querem me fazer crer que a imagem comporta verdades mas a única verdade é que a imagem é e somente é imagem.

Querem me fazer crer que a imagem do santo faz milagres e no entanto o único milagre é o da sua belimagem.

A imagem não tem bondade, a imagem não tem caráter.

A imagem é luxúria pros óio que essa terra há de cumê.

E ao fechar os olhos, cegueio e a tua imagem já não me importa se tua mão travessa penetra nos recôncavos do meu corpo e rastejo quente tateando o teu...falo e suspiro roçando a carne dura. Instante atemporal das genitálias sem imaginária e sinto sabor de sal na boca...


(2006)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

"submundo" é mundo


Tenho ido muito pouco ao cinema, por falta de grana e tempo. Mas ontem assisti um longa pernambucano, premiado no Cine–PE deste ano: Amigos de Risco do diretor Daniel Bandeira (também pernambucano). O filme narra a história de três amigos que não se vêem há muito tempo e resolvem sair juntos numa quarta-feira à noite pra se divertir, depois de um dia estafante de trabalho. Não sabemos quando o filme entrará em circuito nacional (ainda está sem distribuidora) mas estamos torcendo!

Amigos de Risco foi rodado com baixo orçamento, dada a dificuldade em conseguir patrocinadores. Seu diretor, Daniel Bandeira, não fez concessões. O filme não tem atores famosos no elenco, tampouco exibe imagens de cartão postal do Recife. Amigos de Risco fala de pessoas comuns morando e circulando em bairros populares onde, à noite, a violência impera. Não é um filme para se divertir mas para se refletir. Após a exibição, em sessão única, Daniel Bandeira promoveu um bate-papo com a platéia. Em determinado momento uma senhora elogiou a coragem de Daniel por ele mostrar o “submundo” do Recife. Ao ouvir a palavra “submundo” fiquei incomodada. Paulinho, um amigo meu que estava comigo, percebendo a minha inquietação, disse; “Calma, criatura, pra ela (referindo-se à senhora) é submundo mesmo”. Daniel Bandeira, um cara muito simples mas muito inteligente e sensível, deu a resposta que eu teria dado: “mas o submundo também é mundo...”.

Parece que Daniel, assim como eu, vivencia a cidade de uma maneira diversa da maioria das pessoas de classe média/alta que parecem não enxergar o que está ao seu lado, ao seu redor. Recife, além de ter muitos bairros populares, tem mais de 500 favelas, muitas incrustadas em bairros nobres. E as pessoas parecem que não vêem ou não querem ver.

Não posso falar por Daniel, não o conheço mas eu ando pela cidade de dia e à noite e, ainda que aprecie a beleza do rio e das pontes, também vejo o lixo, a miséria, pessoas dormindo nas calçadas, putas nas esquinas, meninos cheirando cola. Isso também é Recife, não é o sub-Recife, não está escondido, está à mostra, só não vê quem não quer.

Amigos de Risco não mostra toda a dor e miséria do Recife mas, em uma noite/madrugada, onde três jovens apenas queriam se divertir, mostra o suficiente para as pessoas refletirem sobre os limites da moral e da ética quando se está lascado, roubado e traído, e também sobre o que é a nossa cidade, que não difere muito de outros centros urbanos no que concerne às mazelas. O grande mérito do filme está em apresentar um outro olhar sobre Recife. Um olhar mais próximo da realidade cotidiana daqueles que não aparecem na publicidade turística porque não são bonitos. Amigos de Risco não seduz pela imagem: O “submundo” é feio... mas é mundo...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Samba do Lado

Chico Science & Nação Zumbi. Afrociberdelia. 1996.
(só um trechinho)

"...o problema são problemas demais
se não correr atrás da maneira certa de solucionar
lembro quase tudo que sei
e organizando as idéias
lembro que esqueci de tudo
mas eu escuto o sambaaaa

e você samba de que lado
de que lado você samba
você samba de que lado
de que lado você samba
de que lado de que lado
de que lado de que lado você vai sambar..."


terça-feira, 3 de junho de 2008

Eu queria falar...


Eu queria falar sobre alguma cousa mas a lousa me escapa e o giz se desmancha em pó.
Eu queria falar sobre alguma coisa mas as idéias são geléias escorregadias e me fogem todo dia.
Eu queria falar sobre sonhos de amor mas o calor que incide no corpo me aquece a ponto de doer.
Eu queria falar sobre a música que ainda repercute n'alma desta que não se acalma nem ao som de Coltrane.
Eu queria falar sobre ti, embaixo de ti, ao lado de ti, ao redor de ti...
Sim! Sim! Numa dança sem começo nem fim!


poema de 2006

sexta-feira, 30 de maio de 2008

campanha solidária

Ajude um punk a viver daquilo que ele gosta e sabe fazer: resistir, subverter, transgredir, disseminando a contra-informação. Assine e receba em sua caixa postal a Pirata Zine. Basta enviar emeio para diariopz@uaivip.com.br. Com apenas 20 real você recebe 24 edições por ano. Barato que só caldo-de-cana...


tenho uma tradição a zelar e contas a zerar... mas, pra não ficar (muito)
vago, a PZ, 5 meses após seu acesso ter se tornado pago, tem mais assinantes
do que mereço e menos do que preciso pra me tornar efetivamente livre - e, aí,
"perigoso"

Pirata Z, um Punk...
pero sin perder la ternura...

Foto: Giselle Dietze

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fábula de um Arquiteto

(poema de João Cabral de Melo Neto)


A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.

O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

2.
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.




PS: apesar de ter abandonado a arquitetura esse poema continua me emocionando.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

rastros

um poema deve ser borrado
como se borra a boca de batom
num beijo...
um poema deve ser bem melado
como num coito desaforado...

um poema de amor foi encontrado
nu
em motel barato
lambuzado
de batom e porra...

terça-feira, 20 de maio de 2008

uma vida em 18mm

surgiu assim, diante de mim, do nada, uma folha em branco. não sei exatamente o que escrever. poderia rasgá-la mas acho que não devo... uma nova história precisa ser criada, não assim, do nada. mas a partir das minhas angústias, minhas ansiedades, meus sonhos... só preciso de uma câmera na mão porque não quero escrevê-la, nem desenhá-la, quero rodá-la em película, quero movimento... AÇÃO! plano seqüência girando-girando...subindo-descendo...avançando-recuando...ondulando... CORTA! e no fim, projetá-la numa tela em branco que surgirá assim, diante de mim, do nada...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A Inocência

O conto a seguir foi escrito e publicado originalmente em 2006, em meu antigo blogue (já desativado), com o título: As Cartas.

Magnólia não gostava de emeios. Ela gostava de cartas, todo tipo de carta: cartas de baralho, cartas de tarô, cartas geográficas e também aquele tipo de carta escrita à mão que algumas pessoas ainda enviam umas para as outras, via Correio.

Alguém aí já enviou cartas de amor pelo Correio?

Por gostar tanto de cartas Magnólia acabou indo trabalhar no Correio de sua pequena cidade, Grafolândia, e especializou-se em abrir e fechar os envelopes das cartas sem que ninguém percebesse. Ela fazia isso não porque fosse mexeriqueira ou tivesse interesse no conteúdo das cartas mas sim porque gostava de apreciar a grafia das letras. E as grafias eram muitas e diversas: umas gordinhas e baixinhas, outras magras e altas, umas inclinadas para o lado direito, outras inclinadas para o lado esquerdo, algumas bastante claras e legíveis, outras muito barrocas, quase ilegíveis. E eram estas últimas as suas prediletas porque podia ater-se totalmente na grafia: como disse anteriormente, à Magnólia não interessava o conteúdo das cartas.

Aí então ela tirava cópia dessas cartas na copiadora vizinha ao correio e o dono da xerox era seu conivente e apreciador da técnica do calígrafo.

O que Magnólia fazia depois com essas cópias?

Bem, ela datava-as, emoldurava-as e pendurava-as nas paredes da sua singela casinha como verdadeiras obras de arte junto às cartas geográficas, às cartas de baralho e às cartas de tarô.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

Abaixo a taxa de telefone!

Essa eu peguei do blogue do Pirata:

A mensagem abaixo me foi repassada pelo cineasta Ivo Branco.

CANCELAMENTO DA TAXA TELEFÔNICA

INTERESSE DE TODOS: cancelar a taxa do telefone - R$ 40,37 (residencial) e R$ 56,08 (comercial)

Quando se trata do interesse da população, nada é divulgado.
Esse tipo de assunto NÃO é veiculado na TV ou no rádio, porque eles não têm interesse e não estão preocupados com isso. Então, nós é que temos de correr atrás - afinal, quem paga somos nós!

Ligue, de segunda a sexta, das 08:00 hs às 20:00hs, 0800-619619.

É o DISQUE-CAMÂRA.
Não digite nada. Espere para falar com uma atendente.

Diga que é para votar a favor do cancelamento da taxa de telefone fixo.

O Projeto de Lei é o de nº 5476.
Eles não sabem até quando vai a votação.
Não pague mais assinatura de telefone fixo.
Será uma economia muito grande no final do ano.

Entrando em vigor esta lei, você só pagará pelas ligações efetuadas, acabando com esse roubo que é a assinatura mensal.
Este projeto está tramitando na 'COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR', na Câmara. Quantos mais ligarem, maior a chance.
O BRASIL AGRADECE!

Não adianta a gente ficar só reclamando.
Quando podemos, devemos tomar alguma atitude...
O telefone a ser discado (0800-619619) é da Câmara dos Deputados Federal.
Ligue para mudar esta situação.

Repasse esta mensagem para o maior número possível de pessoas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

às vezes a realidade imaginária me parece mais autêntica que a própria realidade em si.
serei eu uma louca escapista?

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ettore Sottsass


Ettore Sottsass (1917-2007), arquiteto e designer austríaco, radicado na Itália, foi o inventor da famosa máquina de escrever Valentine da Olivetti (1969) ícone da pop art. Sottsass também foi o criador do grupo Memphis (nome inspirado numa canção de Bob Dylan) em 1981, com design bem colorido inspirado no art déco e na pop art.

Podem ter certeza, o design que está presente em nossas vidas, desde talheres às calculadoras portáteis, das torneiras ao mobiliário, têm o traço, ou foram inspirados no design do grupo Memphis. E Ettore Sottsass é um dos grandes nomes do desenho industrial no mundo.

Para saber mais sobre Sottsass, arte, história, ciência... sempre com muitas ilustrações, clique em BibliOdyssey.blogspot.com

sábado, 3 de maio de 2008

maio de 68

"o poder ao povo"
o
o
PS: Imagem de autor desconhecido.

Les murs ont la parole; Journal Mural Mai 68,citations recueillies par Julien Besançon. Paris : Tchou Éditeur, 1968.São mais de 1000 frases escritas com revolta, suor e lágrimas - e amor juvenil -nos muros da Sorbonne, do Odéon, de Nanterre,em Paris, no famoso Maio Francês de 1968. Eis aqui a história viva do momento/movimento em frases que revelam as mais diversas tendências políticas e sociais: Exagerar é começar a inventar/ A poesia está nas ruas/ Somos todos "indesejáveis"/ Decreto o estado de felicidade permanente/ Morte aos acomodados /Todos os reacionários são tigres de papel/ Aqui se pensa/ Se você pensa pelos outros,os outros pensarão por você/ Ser livre em 1968 é participar/ Nenhuma liberdade aos inimigos da liberdade /Tudo é dadá/ Abrace teu amor, sem descuidar-se de teu fuzil/ Abaixo a sociedade espetacularizada-mercantilizada/ Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é/ A arte é merda /A felicidade é uma idéia nova para as Ciências Políticas/ A liberdade é o direito ao silêncio/ O tédio transpira /Todo poder abusa. O poder absoluto abusa de forma absoluta/ Eu sou buceta/ Violai vossa ALMA MATER/ Aqui, o espetáculo da contestação. Contestemos o espetáculo /A vida está além/ A ação instaura a consciência/ A política se faz na rua /Um pensamento estagnado é um pensamento apodrecido/ Revolução, eu te amo/ As restrições impostas ao prazer excitam o prazer de viver sem restrições/ Nem Senhor, nem Deus. Deus sou eu/ A Revolução deve se fazer nos homens antes de se realizar nas coisas/ Nem robô, nem escravo/ Reforme o meu cu/ Inventai novas perversões sexuais/ É proibido proibir. A liberdade começa por uma proibição:a de prejudicar a liberdade de outra pessoa /A floresta precede o homem, o deserto o segue /A novidade é revolucionária, a verdade também/ O álcool mata. Tome LSD/ Contestação permanente/ Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo /Deus é um escândalo, um escândalo que rende. Baudelaire /Criatividade Espontaneidade Vida/ A morte é necessariamente uma contra-revolução /A vontade geral contra a vontade do general/ A insolência é a nova arma revolucionária/ A liberdade é a consciência da necessidade/ Abaixo o orientalismo neo-exótico /Meus desejos são a realidade/ Sonho ser um imbecil feliz /Sejam realistas, exijam o impossível/ A imaginação no poder/ Liberdade da Universidade.Não ao totalitarismo /Viver no presente/ A Revolução deve parar de ser para EXISTIR /A Sorbonne será a Stalingrado da Sorbonne/ Exagerar, eis a arma /Roma... Berlim... Madrid... Varsóvia... Paris/ A arte morreu. Godard nada poderá fazer [ Nota: algumas dessas frases são releituras de textos anarquistas e socialistas ]
Saqueado à porrada (risos) do Balaio Porreta
de Moacy Cirne.
Gostaria de acrescentar outra frase encontrada nos muros de Paris:
quanto mais eu faço amor mais eu tenho vontade de fazer a revolução, quanto mais eu faço a revolução mais eu tenho vontade de fazer amor (em Paris 1968, As Barricadas do Desejo, Olgária Matos, coleção Tudo é História. Ed. Brasiliense).



terça-feira, 29 de abril de 2008

sobre meu pai

Eu só queria falar um pouco sobre esse homem, esse cearense, aparentemente simples. Esse homem que gostava do mato, de engenho de cana e adorava chupar rapadura. Seu Maurício tinha alma de matuto sem ser matuto (papai era capaz de conversar sobre qualquer assunto). Foi engenheiro agrônomo e amava a natureza e os animais. Quando criança, ele me levava para o parque de exposição de animais e me falava sobre o gado, os eqüinos, os caprinos... Meu pai também adorava os filmes de Mazaropi, morria de rir. E também gostava de uma piada safada... Mas Seu Maurício também era um homem sério, reto, honesto, principalmente no trabalho.

Na Paraíba, nos anos 60, foi Secretário de Agricultura e trabalhou sempre a favor do pequeno agricultor. Certa vez ganhou de presente um cavalo (provavelmente de um latifundiário). Papai adorava cavalos mas não aceitou o presente, afinal ele sabia que ninguém dá um cavalo de presente em troca de nada.

No Rio de Janeiro foi diretor da Abicar (depois Emater), instituição que oferecia assistência e crédito rural ao pequeno agricultor. Mas no início da década de 70, em plena ditadura, o governo proibiu a concessão de crédito, permitindo apenas a assistência. Mas ora, como dar assistência sem dar os meios ao agricultor? Diante dessa situação meu pai pediu demissão.

Em Recife Seu Maurício criou a UNO (União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações), instituição pioneira no mundo (não, não estou exagerando, é verdade) com o programa de microcrédito. A UNO foi o exemplo que o Prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammed Yunus conheceu para criar o seu programa de microcrédito em Bangladesh.
Vocês nem imaginam como isso me enche de orgulho. Mas o que realmente me faz ter uma grande admiração (e amor, evidentemente) pelo Seu Maurício é uma outra história.

Na década de oitenta, com a anistia e o retorno dos exilados políticos, Maria Áurea, na época diretora geral da UNO, perguntou ao meu pai, superintendente da instituição, se ele receberia um grupo de ex-exilados que estavam desempregados. Seu Maurício disse que receberia sim e que depois de entrevistá-los, os que demonstrassem competência seriam contratados, tornando-se funcionários da UNO. Com isto, a cada dia Maria Áurea trazia um novo nome ao Seu Maurício e ele perguntava: “È mais um daqueles?”. Maria Áurea dizia que sim e Seu Maurício entrevistava o candidato. Meu pai nunca se disse de esquerda, muito menos de direita. Agia de acordo com seus próprios princípios. Fazia aquilo que achava correto e apesar de ser muito racional também pensava com o coração. O fato é que no final Seu Maurício ou Dr. Camurça acabou contratando todos aqueles ex-exilados e podem crer, alguns deles eram completamente incompetentes (risos).

É tudo. Poderia escrever mais, no entanto acho que escrevi o suficiente sobre meu pai para que vocês conheçam um pouco desse homem que era meio moleque, gostava de piadas maliciosas e irônicas, um homem empreendedor, muito inteligente mas modesto, de bom caráter, honesto... Mas o que eu queria dizer mesmo, o que realmente importa é que Seu Maurício sabia amar as pessoas.


meu pai e eu
PS: Amigos e amigas estou sem computador em casa, agora estou morando com minha mãe, Dona Amélia, que tá precisando de companhia e força até mais que eu e minhas irmãs. Por isso perdoem-me por não estar fazendo visitas aos seus blogues. Um beijo e um abraço carinhoso em cada um/uma de vocês. Té qualquer dia. E grata, muito grata pela força.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Maurício Camurça (13/11/1928 - 17/04/2008)

Ontem à tarde Seu Maurício, enfim, descansou... Hoje, ao meio-dia, foi sepultado e homenageado por amigos e amigas de trabalho. Seu Camurça foi /é uma pessoa muito amada e admirada por muitos, não só pela esposa, filhas, neto, netas e outros parentes. Eu gostaria de falar mais um pouco mas acho que vai ficar pra outra vez.

PS1: pra quem não sabe Seu Maurício é meu pai. Ele sofria de Mal de Alzheimer há 8 anos e nos últimos 7 meses estava sobrevivendo em casa, em cima da cama, levando uma vida praticamente vegetativa. Agora ele está com os anjos, ou virou um anjo...
PS2: sou eu e ele na foto acima.

Abraços.

Ah, apesar da emoção ser um bocado forte (nem sei por quanto tempo essa dor vai doer) gostaria de dizer umas palavras que refletem a pessoa maravilhosa que meu pai foi. Quando criança, se perguntávamos a meu pai se podíamos fazer isso ou aquilo, ele respondia: "quando a gente quer fazer uma coisa a gente não pede permissão, a gente FAZ".

Mais abraços.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Pop Art - de Roy para Roy

"Paisagem com Filósofo"


Dedico esta postagem a Roy Frenkiel, um judeu inteligentíssimo (epa, judeu inteligentíssimo é redundância), inquieto, intenso e brasileiro morando nos Isteitis (o que é que cê tá fazendo aí, menino? Volta pra casa, volta! rsrsrs).