sexta-feira, 27 de junho de 2008

dois poemas

cerimônia do chá

você me beija
eu te dou meu calor
e olhos de gueixa

meu artífice
o
em sua boca meus seios foram moldados
em sua língua meu sexo foi esculpido
minha carne foi tingida da cor do seu amor
minha epiderme assumiu a textura da sua dor
sou obra sua
você me recriou

sexta-feira, 20 de junho de 2008

imagem capturada do google images
Capelinha de melão é de São João
é de cravo, é de rosa, é de manjericão
São João está dormindo

não acorda não!

acordai, acordai, acordai João!

(cantiga popular)

É o seguinte, só postarei novamente depois de São João, na quarta-feira, ou quinta, ou sexta, não sei, não sei, tá complicado postar sem computador em casa... e tou sentindo a mor falta de desenhar no paint... é a vida, é a vida...
Feliz São João procês
Beijos & Abraços
Inté.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

nem tão zen que não possa ser passional, nem tão passional que não possa ser zen


a Matsuo Bashô


esqueço o tempo
bananeira balança
com o vento


a Vladimir Maiakovsky


nas revoluções ou nas paixões
(não importa)
reviro-me pelo avesso
e sou toda buceta

domingo, 15 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Imaginária

Querem me fazer crer que a imagem comporta verdades mas a única verdade é que a imagem é e somente é imagem.

Querem me fazer crer que a imagem do santo faz milagres e no entanto o único milagre é o da sua belimagem.

A imagem não tem bondade, a imagem não tem caráter.

A imagem é luxúria pros óio que essa terra há de cumê.

E ao fechar os olhos, cegueio e a tua imagem já não me importa se tua mão travessa penetra nos recôncavos do meu corpo e rastejo quente tateando o teu...falo e suspiro roçando a carne dura. Instante atemporal das genitálias sem imaginária e sinto sabor de sal na boca...


(2006)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

"submundo" é mundo


Tenho ido muito pouco ao cinema, por falta de grana e tempo. Mas ontem assisti um longa pernambucano, premiado no Cine–PE deste ano: Amigos de Risco do diretor Daniel Bandeira (também pernambucano). O filme narra a história de três amigos que não se vêem há muito tempo e resolvem sair juntos numa quarta-feira à noite pra se divertir, depois de um dia estafante de trabalho. Não sabemos quando o filme entrará em circuito nacional (ainda está sem distribuidora) mas estamos torcendo!

Amigos de Risco foi rodado com baixo orçamento, dada a dificuldade em conseguir patrocinadores. Seu diretor, Daniel Bandeira, não fez concessões. O filme não tem atores famosos no elenco, tampouco exibe imagens de cartão postal do Recife. Amigos de Risco fala de pessoas comuns morando e circulando em bairros populares onde, à noite, a violência impera. Não é um filme para se divertir mas para se refletir. Após a exibição, em sessão única, Daniel Bandeira promoveu um bate-papo com a platéia. Em determinado momento uma senhora elogiou a coragem de Daniel por ele mostrar o “submundo” do Recife. Ao ouvir a palavra “submundo” fiquei incomodada. Paulinho, um amigo meu que estava comigo, percebendo a minha inquietação, disse; “Calma, criatura, pra ela (referindo-se à senhora) é submundo mesmo”. Daniel Bandeira, um cara muito simples mas muito inteligente e sensível, deu a resposta que eu teria dado: “mas o submundo também é mundo...”.

Parece que Daniel, assim como eu, vivencia a cidade de uma maneira diversa da maioria das pessoas de classe média/alta que parecem não enxergar o que está ao seu lado, ao seu redor. Recife, além de ter muitos bairros populares, tem mais de 500 favelas, muitas incrustadas em bairros nobres. E as pessoas parecem que não vêem ou não querem ver.

Não posso falar por Daniel, não o conheço mas eu ando pela cidade de dia e à noite e, ainda que aprecie a beleza do rio e das pontes, também vejo o lixo, a miséria, pessoas dormindo nas calçadas, putas nas esquinas, meninos cheirando cola. Isso também é Recife, não é o sub-Recife, não está escondido, está à mostra, só não vê quem não quer.

Amigos de Risco não mostra toda a dor e miséria do Recife mas, em uma noite/madrugada, onde três jovens apenas queriam se divertir, mostra o suficiente para as pessoas refletirem sobre os limites da moral e da ética quando se está lascado, roubado e traído, e também sobre o que é a nossa cidade, que não difere muito de outros centros urbanos no que concerne às mazelas. O grande mérito do filme está em apresentar um outro olhar sobre Recife. Um olhar mais próximo da realidade cotidiana daqueles que não aparecem na publicidade turística porque não são bonitos. Amigos de Risco não seduz pela imagem: O “submundo” é feio... mas é mundo...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Samba do Lado

Chico Science & Nação Zumbi. Afrociberdelia. 1996.
(só um trechinho)

"...o problema são problemas demais
se não correr atrás da maneira certa de solucionar
lembro quase tudo que sei
e organizando as idéias
lembro que esqueci de tudo
mas eu escuto o sambaaaa

e você samba de que lado
de que lado você samba
você samba de que lado
de que lado você samba
de que lado de que lado
de que lado de que lado você vai sambar..."


terça-feira, 3 de junho de 2008

Eu queria falar...


Eu queria falar sobre alguma cousa mas a lousa me escapa e o giz se desmancha em pó.
Eu queria falar sobre alguma coisa mas as idéias são geléias escorregadias e me fogem todo dia.
Eu queria falar sobre sonhos de amor mas o calor que incide no corpo me aquece a ponto de doer.
Eu queria falar sobre a música que ainda repercute n'alma desta que não se acalma nem ao som de Coltrane.
Eu queria falar sobre ti, embaixo de ti, ao lado de ti, ao redor de ti...
Sim! Sim! Numa dança sem começo nem fim!


poema de 2006