terça-feira, 26 de maio de 2009

a fonte


Bastava pensar naquele rapaz, que a moça chorava. Chorava pelos cantos, pelas bordas, pelos lábios, pequenos e grande lábios. Pois a moça não chorava pelos olhos, chorava pela buceta. E seu choro não era de tristeza, mas de amor e desejo.

No início, resvalava suavemente pelas coxas. Depois ensopou lençóis e colchão até inundar a casa inteira. Então escorria por baixo da porta, descia o batente como queda d'água até tomar a rua e correr feito enxurrada sobre as galerias. Vez por outra contrariava as leis da física, dobrando esquinas e subindo ladeiras para espanto dos adultos e diversão da meninada. Mas, ainda que desvairada, aquela torrente tinha rumo certo e sabia exatamente aonde queria desaguar.


De súbito, parou em frente à porta da casa do tal rapaz e, sem hesitar, escorreu de soleira adentro. Sem compreender de onde vinha aquela água, o rapaz saiu à rua, curioso, e seguiu o curso d'água em sentido contrário. Quando alcançou a "nascente", surpreendeu-se. Ele conhecia aquela casa e a dona da casa. Ficou emocionado, respirou fundo e, num ímpeto, abriu a porta sem bater. Encontrou a moça nua, derramando-se na cama, encharcada e fumegante. Naquele instante, tudo o que desejou foi bebê-la. E assim o fez, embriagando-se dela, dentro dela.

terça-feira, 12 de maio de 2009

pra tocar no rádio e no coração


Lá em casa, desde quando eu era pequenininha, sempre se ouviu muita música. Rolava de tudo: samba, forró, Roberto Carlos, Beatles, Secos & Molhados, Novos Baianos e até Elton John. Quando não tinha um disco tocando na radiola, o rádio estava sempre ligado. E foi nas rádios que eu conheci o estilo musical que mais mexeu (ainda mexe) com minhas emoções e libido.

Era início da década de 80. Eu tinha por volta dos 12 aninhos. Estava despertando para o romantismo e o erotismo - não necessariamente nesta ordem - ouvindo black music, estilo que foi paixão à primeira audição. Não me lembro quem ouvi primeiro, se Marvin Gaye ou Michael Jackson, se Diana Ross ou Earth, Wind and Fire, se funk, soul ou dance music. Não importa, estava tudo ali, nas entrelinhas, implícito - às vezes explícito - nas letras ou no groove das canções, toda aquela libidinagem deliciosa, seja em "Sexual Healing" do maravilhoso Marvin Gaye; ou na voz grave daquele negão muito macho, o Barry White; e numa vasta gama de cantores e cantoras black, grávidos de amor, alegria e sensualidade, que me impressionaram e impressionam... Não à toa esse estilo me fez mulher antes mesmo que qualquer homem me tomasse em seus braços. Coincidentemente ou não, foi por volta daquela idade que descobri a masturbação.

Agora eu fico pensando: Será que hoje eu escreveria poemas eróticos se não tivesse me iniciado na música bleque? Será que teria inventado versos como "até fuder macio" se um dia não tivesse ouvido aquela bela canção da Roberta Flack, "Killing me Softly"? Será? Sei não... Sei não...



PS: Quem quiser ouvir música seleta, de todos os estilos, do mundo inteiro, basta clicar aqui ó: http://www.zinedopirata.blogspot.com. Lá tem uma uébi-rádio criada pelo zineiro, jornalista e escritor Pirata Z. Esse rapaz sabe tudo ou, pelo menos, quase tudo de música.


Grata às meninas e aos meninos, de todas as idades, que têm visitado o meu refúgio.

sexta-feira, 8 de maio de 2009