quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Arte da Delicadeza

Desde que li as primeiras páginas desse livro, decidi que escreveria sobre ele aqui, no refúgio. Hesitei durante um tempo porque não sabia muito bem por onde começar, o que falar. Não que seja um livro difícil, muito pelo contrário: é um livro simples e muito, muito delicado. Mas como é difícil falar de coisas simples e delicadas...

Em O Livro dos Abraços, Eduardo Galeano, escritor uruguaio, nos conta histórias que ouviu ou viveu durante suas andanças pela América, sobretudo América Latina. São 191 textos - entre pequenas histórias e pequenas (grandes) reflexões de Galeano - impressos, cada um, em, no máximo, duas páginas. Algumas histórias são doces e inocentes; outras, sensuais; outras, ainda, fazem rir; e como não poderia deixar de ser, Galeano também conta histórias da dor de quem viveu - ele, inclusive - uma ditadura militar, que não foram poucas na nossa latinamérica: histórias de exílio; de bravura; de saudade dos amigos; de perdas irreparáveis. Tudo escrito com muita singeleza sem, contudo, excluir o lirismo.

O Livro dos Abraços, com seus textos enxutos, consegue expor todo o calor, inquietação e dor da América Latina. Um livro que emociona, seja em momentos de inocência, riso, aflição, coragem ou paixão. Um livro que, como nas palavras do editor, "é delicado e afiado, como a própria vida. Pode afagar, pode cortar. Mas seja como for, como a própria vida, vale a pena".

2 comentários:

Moacy Cirne disse...

Galeano, há muito, faz parte do imaginário social da esquerda latino-americana. Acredito que seja um ótimo livro. Sua opinião reforça essa ideia.

Um abraço.

Jens disse...

Oi Sandrix.
Valeu a indicação. Galeano é um dos grandes escritores da América Latina, um exímio contador de histórias. Se gostas de futebol, me permito te indicar o último livro dele que li: Futebol ao Sol e à Sombra, também composto de histórias curtas.

Um beijo.