segunda-feira, 14 de junho de 2010

infância no mato

gosto mais de brincar que ser gente de siso
tenho mais de criança, de nuvem...
enquanto chuva, me faço rega.
terra molhada tem cheiro bom
todo mundo gosta, criança gosta.
deito na grama úmida, adormeço
acordo amanhecida de pétalas, lambida de sol.
na pele guardo o orvalho fresquinho.
no banho de bica a rã fria pula mais alto que minha bunda.
gosto mais dos embuás com suas tantas perninhas, fazendo cócegas na palma da mão
e à noite descobrir vaga-lumes, esses espiões camuflados de luz.
subo na árvore mais amiga - árvore amiga é aquela que tem muitos braços abertos dentro do céu -
sempre sonhei com casinha na árvore entre galhos e folhas de olhares brecheiros
mas fiquei contente com o balanço de corda e madeira
e voei sonhando passarinho.
bem sei que algum dia me refloresço criança
até beijar colibris dourados
até mijar margaridas azuis

3 comentários:

Marcelo F. Carvalho disse...

Sandra, sem comentários.
Absurdamente maravilhoso esse fruto!

Jens disse...

Oi Sandrix.
Li teus últimos textos. Te senti existencialmente revigorada, vendo a vida com olhos encantados. Bacana este (re)viver.

beijo.

o refúgio disse...

Meninos, o culpado por minha inspiração é Manoel de Barros (tenho o lido direto).
Beijos