Quando eu tinha por volta dos meus 20 e poucos, até 30 e poucos anos, em ano eleitoral, era capaz de arrumar uma discussão com qualquer pessoa desconhecida que falasse mal do meu candidato e da esquerda. Isso acontecia, basicamente, dentro de algum ônibus urbano, enquanto ouvia a conversa entre dois sujeitos ou duas comadres com aquele tipo de papo conservador e reacionário. De repente meu sangue começava a esquentar até entrar em ebulição. Dizia para mim mesma que daquela vez iria me controlar, mas não tinha jeito, acabava me metendo na conversa com um estilo, digamos: "hay que endurecerse pero sin perder la ternura...". Com o passar dos anos me tornei menos impulsiva mas não menos indignada: Se o Amor é aquele que conhece a Verdade, o Ódio é aquele que pode tomar de assalto a Mentira.
Ando extremamente irritada com a maneira que a imprensa corporativa vem tratando de maneira superficial e parcial - o que não é novidade - a polêmica sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Meu aborrecimento chegou a tal ponto que noite passada acordei sobressaltada de um sonho bastante realista no qual brigava com um passageiro de ônibus que criticava o governo exatamente por causa do dito Plano. Remeti-me imediatamente aos meus anos impulsivos... Mas voltando à polêmica, me irrita ver a imprensa falando que "o Plano tem críticas de diversos setores da sociedade" sem deixar claro que esses "diversos setores da sociedade" são apenas a própria imprensa corporativa, a Igreja, os militares, os ruralistas e evidentemente a oposição (leia-se PSDB e DEM), ou seja, as forças mais anti-democráticas e avessas à liberdade, aqueles que sempre estiveram no poder. Enquanto isso, Ongs e entidades de direitos humanos apóiam o PNDH e estão lutando para que não sofra alterações.
Pois bem, estamos em ano eleitoral, Lula já disse que não será o "Lulinha Paz e Amor" na próxima eleição. Espero que assim seja, desde já: Um pouco de Ódio é sempre bem-vindo.
3 comentários:
oI, MINHA CARA,
CONCORDO PLENAMENTE
com você.
Um texto mais do que pewrtinente.
Beijos.
...e o Agripino no Jornal da Globo falando sobre os Direitos Humanos?!
Há! Só Salvador Dali para entender algo tão surreal!
anger is a gift. beso
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