Um dos maiores prazeres que eu tinha na infância era o de adormecer ouvindo as vozes dos adultos conversando. Se mamãe dizia “vá pra cama que você já está com sono” eu respondia sonolenta que ainda queria ficar ali, deitada no sofá, na sala. E ficava eu, de olhos fechados, naquele estado especial entre o sono e a vigília embalada pelas vozes, verdadeiros acalantos aos meus sentidos. Deliciava-me ouvindo as conversas, os risos, os diferentes timbres, tons sobre tons de vozes, intercaladas por instantes de silêncio, muito familiares, muito íntimas, acalentando-me... Assim adormecia sentindo-me protegida dos monstros noturnos.
Muitos anos mais tarde, já adulta, experimentei algumas vezes este prazer na hora daquele soninho depois do almoço, ouvindo duas crianças brincando junto de mim, esforçando-se em falar baixinho para não acordar “a titia”. Assim adormecia embalada por vozes de anjos, protegida dos meus demônios.
2 comentários:
Oi Sanrix:
Nana nenê
Que a Cuca vem pegar
Mamãe tá na roça
Papai foi trabalhar.
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Bons sonhos e um alegre despertar.
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Abraço. Beijo. Arriba!
Vozes. Acalanto. Mãos. Carinho.
E não é que a vida pode ser maravilhosa, especialmente com seus textos, SANDRUSCA???
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