em estado de inútil
ao deixar o dia recostado à janela
em silêncio azul espichado no tempo
tal como gato caminhando
na mansidão das horas
etéreo e lento
*****
Seu João toca instrumentos de sopro
ele faz música de sopro e cor
mas ninguém ouve nem
o sopro nem
a cor
Gosto muito de ver Seu João tocar
e ouvir a cor de cada sopro
Acho que Seu João bebe
todo dia
uma taça de arco-íris
*****
Ana costumava abandonar o amarelo na parede do quarto
não dava o menor sentimento
Certo dia pegou um punhado e engoliu inteiro
só então ouviu a cor
de dentro
Agora Ana pensa que tem harpa na barriga
3 comentários:
Puxa, Sandrix, que bonito.
Quero me embriagar com a "taça de arco-íris" que seu João bebe diariamente. Quero também ouvir o som da harpa da barriga da Ana. Por fim, desejo igualmente desfrutar do estado de inutilidade, para poder poetar como você.
Beijo.
Essa Sandra manda bem de mais! Curti de mais, moça.
Poesia se faz no dia a dia e do dia a dia, o azul do dia nos espia sempre, assim como o breu da noite, a vida nos espia com seu olhos algozes e meninos, e eu amei a tua poesia, e venho a seguir-te. :)
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