segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Música, Música, Sempre!

Não sou erudita. Não amo os clássicos. Gosto de muita coisa mas pouca coisa realmente me desperta paixão. Acho que li pouco, acho que leio pouco. Tem um poema de Fernando Pessoa chamado Liberdade que eu me identifico bastante: “Ai que prazer, não cumprir um dever, ter um livro pra ler e não o fazer! Ler é maçada, estudar é nada...”. Pois bem, é isso, sou hedonista e indolente, ou seja, uma sofredora porque não posso escapar da labuta. Mas gosto de ler, juro, um bom livro, claro.

Mas o que gosto mesmo é de estar só e ouvir música. Simplesmente ouvir sem fazer nada. Se me der vontade de dançar eu ouço e danço e adoro dançar e cantar e ouvir música. Amo quase todos os estilos musicais, desde que a música tenha qualidade. Mas o que é música de qualidade? Pra mim é música que emociona. Ou seja, desse ponto de vista, “música de qualidade” é um conceito bastante relativo porque o que me emociona pode não emocionar outra pessoa. O que me emociona? Um samba, um soul, um samba-soul, um baião, um blues, um choro, um rock, um frevo, um jazz, um coco, um funk, uma ciranda, um reggae, um maracatu, um clássico... Mas ouvi e ouço pouca música clássica. Não fui educada a ouvir esse tipo de música, também não procurei conhecer mais e me educar (já disse, sou indolente). Mas já me emocionei com Vivaldi, Mozart, Bach e outros. Todavia entre Jimi Hendrix e um compositor clássico eu fico com o primeiro. Hendrix me emociona profundamente, seus solos de guitarra em Little Wing são como um sonho, um vôo deliciosamente macio na pequena asa. Se eu tivesse um Deus, Ele seria Hendrix mas como sou uma sem-Deus, tenho anjos. Sim, Hendrix é um anjo assim como Curtis Mayfield, outro músico negro que eu amo porque me emocionou logo de cara quando ouvi pela primeira vez a trilha sonora de Superfly (filme que fala sobre a decadência do Harlem e tráfico de drogas). E amo os anjos músicos, cantores e cantoras da Motown, gravadora norte-americana da década de 70, especializada no gênero soul.

Como já disse, amo todo tipo de música mas a soul/funk music vai fundo na minha alma e mexe com o meu corpo. Acho que devo essa paixão ao fato de ter ouvido, desde pequena, nas rádios: Billy Paul (Your Song), Marvin Gaye (Sexual Healing), Diana Ross (Upside Down), Michael Jackson com seu disco antológico, Off the Wall (quando o rapaz ainda tinha a cor de pele original), depois conheci Funkadelic, Sly and The Family Stone... ah, e tem os brasileiros, Cassiano, Tim Maia, “Ora bolas, não me amole com esse papo de emprego, não tá vendo, não tô nessa, o que eu quero é sossego...”. Genial, não?! E o disco Racional do Tim é sensacional (muito louca a história desse disco porque foi gravado num período no qual o Tim largara as drogas para se dedicar a seita Universo em Desencanto, ou seja, nada racional). Depois ouvi e dancei e curti um bocado o início do Hip Hop, com muita influência soul: Afrika Bambaataa & Soul Sonic Force com Planet Rock. Quem, da minha geração, não dançou essa música devia estar surdo ou deprimido ou contando dinheiro ou com as pernas quebradas. Porque o que essa música tocou nas rádios, não está no gibi.
(...)
O que foi? Não, não concluirei o texto porque não há o que concluir: Ainda estou a espera da próxima revolução musical que não chega.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caríssima Sandra: Sem deixar de lado sua paixão por Hendrix e outros grandes nomes, procure se aproximar da música clássico-erudita na medida do possível e você, muito provavelmente, descobrirá um mundo sonoro absolutamente incrível, absolutamente encantatório. Pensando nisso, em pessoas sensíveis como você que não curtem o universo de um Beethoven & de outros gênios, reeditarei (com as necessárias atualizações) um antigo Balaio [pré-internet] com dicas para uma introdução à Música Clássico-Erudita. Isto é, caso tenha tempo para fazê-lo. Um beijo.