Tenho ido muito pouco ao cinema, por falta de grana e tempo. Mas ontem assisti um longa pernambucano, premiado no Cine–PE deste ano: Amigos de Risco do diretor Daniel Bandeira (também pernambucano). O filme narra a história de três amigos que não se vêem há muito tempo e resolvem sair juntos numa quarta-feira à noite pra se divertir, depois de um dia estafante de trabalho. Não sabemos quando o filme entrará em circuito nacional (ainda está sem distribuidora) mas estamos torcendo!
Amigos de Risco foi rodado com baixo orçamento, dada a dificuldade em conseguir patrocinadores. Seu diretor, Daniel Bandeira, não fez concessões. O filme não tem atores famosos no elenco, tampouco exibe imagens de cartão postal do Recife. Amigos de Risco fala de pessoas comuns morando e circulando em bairros populares onde, à noite, a violência impera. Não é um filme para se divertir mas para se refletir. Após a exibição, em sessão única, Daniel Bandeira promoveu um bate-papo com a platéia. Em determinado momento uma senhora elogiou a coragem de Daniel por ele mostrar o “submundo” do Recife. Ao ouvir a palavra “submundo” fiquei incomodada. Paulinho, um amigo meu que estava comigo, percebendo a minha inquietação, disse; “Calma, criatura, pra ela (referindo-se à senhora) é submundo mesmo”. Daniel Bandeira, um cara muito simples mas muito inteligente e sensível, deu a resposta que eu teria dado: “mas o submundo também é mundo...”.
Parece que Daniel, assim como eu, vivencia a cidade de uma maneira diversa da maioria das pessoas de classe média/alta que parecem não enxergar o que está ao seu lado, ao seu redor. Recife, além de ter muitos bairros populares, tem mais de 500 favelas, muitas incrustadas em bairros nobres. E as pessoas parecem que não vêem ou não querem ver.
Não posso falar por Daniel, não o conheço mas eu ando pela cidade de dia e à noite e, ainda que aprecie a beleza do rio e das pontes, também vejo o lixo, a miséria, pessoas dormindo nas calçadas, putas nas esquinas, meninos cheirando cola. Isso também é Recife, não é o sub-Recife, não está escondido, está à mostra, só não vê quem não quer.
Amigos de Risco não mostra toda a dor e miséria do Recife mas, em uma noite/madrugada, onde três jovens apenas queriam se divertir, mostra o suficiente para as pessoas refletirem sobre os limites da moral e da ética quando se está lascado, roubado e traído, e também sobre o que é a nossa cidade, que não difere muito de outros centros urbanos no que concerne às mazelas. O grande mérito do filme está em apresentar um outro olhar sobre Recife. Um olhar mais próximo da realidade cotidiana daqueles que não aparecem na publicidade turística porque não são bonitos. Amigos de Risco não seduz pela imagem: O “submundo” é feio... mas é mundo...
Amigos de Risco foi rodado com baixo orçamento, dada a dificuldade em conseguir patrocinadores. Seu diretor, Daniel Bandeira, não fez concessões. O filme não tem atores famosos no elenco, tampouco exibe imagens de cartão postal do Recife. Amigos de Risco fala de pessoas comuns morando e circulando em bairros populares onde, à noite, a violência impera. Não é um filme para se divertir mas para se refletir. Após a exibição, em sessão única, Daniel Bandeira promoveu um bate-papo com a platéia. Em determinado momento uma senhora elogiou a coragem de Daniel por ele mostrar o “submundo” do Recife. Ao ouvir a palavra “submundo” fiquei incomodada. Paulinho, um amigo meu que estava comigo, percebendo a minha inquietação, disse; “Calma, criatura, pra ela (referindo-se à senhora) é submundo mesmo”. Daniel Bandeira, um cara muito simples mas muito inteligente e sensível, deu a resposta que eu teria dado: “mas o submundo também é mundo...”.
Parece que Daniel, assim como eu, vivencia a cidade de uma maneira diversa da maioria das pessoas de classe média/alta que parecem não enxergar o que está ao seu lado, ao seu redor. Recife, além de ter muitos bairros populares, tem mais de 500 favelas, muitas incrustadas em bairros nobres. E as pessoas parecem que não vêem ou não querem ver.
Não posso falar por Daniel, não o conheço mas eu ando pela cidade de dia e à noite e, ainda que aprecie a beleza do rio e das pontes, também vejo o lixo, a miséria, pessoas dormindo nas calçadas, putas nas esquinas, meninos cheirando cola. Isso também é Recife, não é o sub-Recife, não está escondido, está à mostra, só não vê quem não quer.
Amigos de Risco não mostra toda a dor e miséria do Recife mas, em uma noite/madrugada, onde três jovens apenas queriam se divertir, mostra o suficiente para as pessoas refletirem sobre os limites da moral e da ética quando se está lascado, roubado e traído, e também sobre o que é a nossa cidade, que não difere muito de outros centros urbanos no que concerne às mazelas. O grande mérito do filme está em apresentar um outro olhar sobre Recife. Um olhar mais próximo da realidade cotidiana daqueles que não aparecem na publicidade turística porque não são bonitos. Amigos de Risco não seduz pela imagem: O “submundo” é feio... mas é mundo...
4 comentários:
Fiquei curioso, cara Sandra. Ficarei atento para o caso de ser exibido por aqui. Nos anos 60, muitas vezes vivi e senti Recife, cidade que amo. Menos do que o Seridó, é verdade. Menos do que Natal, é verdade. menos do que o Rio, também é verdade. Mas o meu carinho por suas ruas, seus rios, sua gente continua intacto. A cidade mudou, eu sei. O país mudou, eu sei. Mas, na essência, nós não mudamos. Ou mudamos pouco. Beijos.
há o mundo intramuros,
e o mundo nervo exposto.
um primeiro, parasita o outro
tudo obra no mesmo mundo
mundo mesmo mesmo mundo.
a gente às vezes não distingue o limpo do imundo se de roupa limpa ou de roupa suja.
imundo límpido
limpo obscuro
o que é submundo ?
tá tudo absurdamente estampado.
na "invisibilidade" andam os de corpos vendidos e de "olhos vendados": talvez por aí possa se falar de um "submundo".
certíssima sandra em seu mal-estar
Fiquei muito instigado. Espero que o longa chegue por aqui! Tô na torcida!
Sandra,
Ficamos todos curiosos... eu também vou ficar de olho.
Amiga, obrigada por suas visitas ao Lambuja. Andei meio ausente pois estava fora do Rio onde não tenho internete.
Beijo carinhoso,
Regina
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