quinta-feira, 26 de março de 2009

undos


duas gotas escapam

pelos fundos

uma lua
dois mundos

um membro entre dois gomos
rotundos

um poema
eroticabundo


segunda-feira, 23 de março de 2009

de dentro


não vem de fora

vem de dentro

esse fogo que me come

assim, tão lento

do capital


o capital não sabe da poesia
ele mata, segrega e financia
o mal
o capital se acha o tal


o capital joga sujo
bebe petróleo e cospe fumaça

inda sai cantando pneu
ô desgraça!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Um Índio mascou folha de coca nas Nações Unidas


"A folha de coca não é cocaína, não é nociva para a saúde, não provoca males físicos nem dependência"

Evo Morales, presidente da Bolívia


Quando em 1961 os ministros da Comissão de Narcóticos das Nações Unidas incluíram a folha de coca na lista de entorpecentes proibidos pelas convenções internacionais, não havia nenhum presidente, seja da Bolívia, Colômbia ou Peru - os três maiores plantadores de coca - que questionasse a decisão e elucidasse para a mesma comissão que folha de coca não é cocaína. Isto porque, na época, não tinha nenhum presidente que representasse a identidade dos povos andinos.

Dá pra imaginar um nordestino, aqui no Brasil, sem plantar e comer mandioca e sua mais deliciosa derivação, a tapioca? Dá pra imaginar um gaúcho sem plantar a erva-mate de onde faz seu chimarrão? Pois é... As folhas de coca fazem parte da cultura dos povos indígenas andinos há três mil anos. Mas a necessidade de mascar a folha de coca vai além das questões culturais. Devido a altitude elevada dos Andes, a coca é utilizada, desde a época dos incas, como estimulante natural que ajuda a respirar melhor. Ou seja, mascar folha de coca é também uma questão de bem-estar e qualidade de vida. Por isso, na última reunião da Comissão de Narcóticos da ONU, em Viena, Evo Morales, presidente da Bolívia, mascou a tal folhinha inofensiva para mostrar que coca não é cocaína, não é droga, não causa dependência e pediu a retirada da folha de coca da lista de entorpecentes. Morales disse ainda que enviará uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, explicando a importância da coca para os povos andinos.

Se existe algo a combater, não é o cultivo da folha e sim a indústria de narcóticos criada pelo homem branco "civilizado" que inventou a cocaína, a coca-cola, entre outras drogas. Além do mais, deve-se respeitar a soberania de cada país, sua cultura e política. Mas isso não parece constar nos princípios da ONU, pelo menos na prática...

quarta-feira, 4 de março de 2009

uma lenda


Em pleno carnaval ela dançava, dançava ciranda na beira do mar. Gostava de sentir os pés na areia molhada e a água que chegava em ondas, às vezes até seus joelhos. Ela dançava e rodava vestida de búzios e maresia. Seu corpo exalava um odor marítimo, exceto uma parte mimosa e velada, que cheirava a maracujá. E a cada passo da dança que a moça dava, o cheiro de maracujá se intensificava. E quanto mais ela dançava com prazer mais o cheiro tomava conta da praia. Todos sentiam aquele odor inebriante.


Envergonhada, a moça deixou a roda de ciranda e foi refugiar-se no mar... Nadou até a pedra mais distante da praia, onde sentou-se e ficou lavando seu sexo com a água do mar, enquanto cantava uma bela melodia. A voz da moça era a mais suave e doce voz daquela ilha, onde as pedras costumavam cantar.
Ao ouvir aquele canto, um rapaz que nadava a milhas dali sentiu-se atraído, para não dizer fisgado. Ele nadou e nadou e nadou atrás música até avistar a pedra. Nadou mais um pouco e ficou deslumbrado, para não dizer embriagado, com a visão daquela mulher, vestida de búzios e maresia, cantando e lavando suas partes mais íntimas. O homem continuou a nadar, bastante ofegante mas não porque estivesse cansado... Estava a poucos metros da moça que ainda não havia percebido sua presença. Notou que na água, ao redor da pedra, boiavam sementes negras e sentiu um cheiro suave de maracujá. A mulher então o avistou e arrastou-o com seu olhar para junto de si, através das sementes que já cobriam toda a superfície da água ao seu redor. Agora o homem tinha seu rosto entre as coxas da mulher. E acariciou e cheirou e beijou sua bucetinha. Ela o fez lamber-lhe e comer-lhe seu sumo com sementes negras. A mulher e o homem amaram-se ali, naquela pedra e um cheiro de maracujá inundou todo o mar.

Depois daquele dia, o homem e a mulher nunca mais foram vistos e a pedra submergiu para sempre... Mas dizem que mergulhando-se no local é possível encontrá-la com a superfície cravejada de búzios e ostras raras que guardam preciosas pérolas negras.