sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Cacique Xicão


"... a preocupação nossa não é no momento atual e sim, no futuro, porque nóis pode fazer a nossa viagem... eterna, mas as nossas crianças, os nossos netos...filhos, eles precisam viver nessa terra, e é preciso que a gente comece a prepará-los de agora, pra eles irem acompanhando e dêem seguimento e assim, por diante".(Cacique Xicão, em depoimento à imprensa, contido no disco O Outro Mundo de Manuela Rosário da banda mundo livre s/a).

Cacique Xicão Xucuru foi um exemplo de resistência. Lutava pela demarcação das terras de sua tribo Xucuru, no município de Pesqueira/PE. Foi assassinado covardemente em 1998 por motivos fundiários e os algozes, até que eu saiba, não foram punidos.


Imagem colhida do sítio:
http://www.manguebit.org.br/mlsa/xicao/index.html

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

...e vem aí mais um capítulo inédito da saga: A PELEJA DO BEM CONTRA O MAL

Queridas & Queridos,

A partir do próximo sábado (30/12) esse blog entrará em recesso: uma semana, dez dias no máximo (vou curtir uma praia!). Por isso, um FELIZ 2007 procês! Nada original, não?

Gostaria de dizer só mais algumas cositas. Sou uma otimista, não sei bem porque, talvez por uma questão existencial: a vida pra mim não faria o menor sentido se não acreditasse em mudanças, transformações e revoluções (mesmo que silenciosas, mesmo que vagarosas). Sem querer ser maniqueísta mas já sendo, existe uma luta (bem antiga, diga-se de passagem) entre o Bem e o Mal (perdoe-me, Nietzsche!). Mas não pretendo falar aqui onde se encontram o Bem e o Mal : é muita polêmica pra fim de ano... Hummm...bem, não resisto: apesar dos seus pecados (quem não tem?) a esquerda NÃO é o Lobo Mau e os Três Porquinhos assinam embaixo.

Pois bem, 2007 será um ano de luta como tem sido os últimos anos. A vida não tem sido fácil para milhões de pessoas no Brasil e no Mundo: desemprego, fome, guerras... Mas apesar das dores do mundo continuo sendo uma otimista (tô me repetindo?) e a razão desse otimismo, razão outra, vem da constatação de como a sociedade civil está a cada dia mais organizada (bem verdade o PCC também... Putz!). Taí o MST, os movimentos de negros, os movimentos indígenas, feministas, gays, ambientalistas, Fóruns Sociais (regionais, nacionais e mundiais), movimento zapatista, ciberativismo... E a internet tem sido um meio bastante eficiente para a troca de informações, organização de movimentos e ações de repúdio e resistência. Por isso meus caros e minhas caras não podemos desanimar. Vamos disseminar a contra-hegemonia! Viva a diversidade! Chega de etnocentrismo! Por uma outra globalização! Sejamos contra-ideológicos! Derrubem esses muros! YA BASTA! Adoro palavras de ordem... ops, de desordem. Mas confesso: minha natureza é mais contemplativa que ativa...

Mas retornando à luta: Temos as nossas armas, moçada, apenas precisamos utilizá-las de forma inteligente, sensível e sábia. Não pretendo falar muito. Sou pessoa de poucas palavras. Entretanto quero reafirmar aqui, citando o lema dos Fóruns Sociais, que acredito e sei que muitos de vocês também:
Um Outro Mundo é Possível!

Um abraço e um beijo animadores em cada uma e cada um de vocês!
E pelejemos, pelejemos...
Té a volta!

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

The Godfather of Soul


James Brown
(1933-2006)

E o Pai da soul music foi remexer o corpinho lá no céu. Que descanse em paz...

E Tony Tornado pede a bênção!
Podes crer, amizade!

wu-ming

Wu-ming é um coletivo de escritores que funciona como uma empresa de serviços narrativos (romances, guias, reportagens para órgãos de comunicação). Apesar do nome em mandarim (wu-ming quer dizer “sem nome”) não são chineses mas sim italianos. Adotaram esse nome porque não gostam da idéia de celebridade nem do "gênio" solitário. Interessam-se por deslizes de identidade, heteronímias e táticas de comunicação-guerrilha. Criticam a lógica do direito autoral e trabalham com a idéia de open source e software livre. Sua conduta é “estar presente mas não aparecer: Transparência para com os leitores e opacidade para com a mídia”(Wu-ming). Isto não significa que não dêem entrevistas e apresentem publicamente seus livros. Mas não gostam de serem fotografados, ao invés disso pedem para divulgar seu logotipo composto por dois ideogramas. A escolha do nome chinês também se deve ao fato de acreditarem que o futuro da humanidade depende do que acontecerá às margens do Pacífico, “É aqui que se joga quase tudo, tanto em termos de catástrofe global (humana, ambiental...) quanto em termos de pesquisa de alternativas. É aqui que o imaginário do planeta vai se deslocando”(Wu-ming). Quanto às histórias o Wu-ming se interessa não por grandes personagens mas pela multidão, “a multidão anônima e rumorosa dos eventos, destinos, movimentos e vicissitudes” (Wu-ming). Valoriza a cooperação social e a potência do coletivo tanto nas narrativas (conteúdo) quanto no próprio ato (produção) de narrar.
Como diz Michel Maffesoli (O Tempo das Tribos): “é do segredo compartilhado que se mantém vivo um grupo” ou ainda “a solidariedade surge de um sentimento compartilhado”.

Bacana, não? E não esqueçamos que em Macau se fala português.

Quem quiser saber mais visite o sítio :
http://www.wumingfoundation.com

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Pense, num disco arretado!!!



“O forró é a mais injustiçada e discriminada das músicas que se fazem no Brasil. Por exemplo, a caudalosa discografia do forró, que teve seu auge nos anos 60 e parte dos 70, continua quase inteiramente fora de catálogo. Esta falta de cultura musical, levou as mais recentes gerações de forrozeiros a fazer e gravar basicamente xote, com letras que pouco diferem do que cantam as duplas sertanejas. O forró é um manto sob o qual se abriga uma grande variedade de ritmos, estilos, gêneros, inclusive o samba. Aliás, antigamente, no Nordeste, forró e samba tinham o mesmo significado. O forró e o samba eram a festa, onde se tocava do baião ao chorinho. Depois que o samba carioca foi alçado à música da nacionalidade, foi que o samba passou a designar um gênero musical. No Nordeste ele foi adaptado para a sanfona, o triângulo, a zabumba, mais violões, banjo, instrumentos de sopro. Era chamado "samba de matuto", ou "samba de latada". A latada, no caso, era uma extensão da casa, ou "puxada", coberta por folhas de flandres, onde aconteciam os forrós, ou sambas. O samba de latada teve como um dos maiores intérpretes o sanfoneiro Abdias, seguido pelo paraense Osvaldo Oliveira. 40 anos depois, Josildo Sá traz de volta ao disco esta nuance esquecida do samba. E vem na companhia de um dos maiores músicos do mundo, Paulo Moura. Não poderia tal contubérnio dar noutra. Um disco que nos leva àqueles sambas de latada dos anos 60. Daqueles que rescendiam a suor, perfume barato, com os casais grudados que nem carrapato. (...) Pense, num disco da porra!!”
(José Teles - Jornalista do Jornal do Commércio Recife/PE, Escritor, Pesquisador e Crítico Musical)
http://www.fabricaestudios.com.br
http://www.josildosa.com.br
http://www.paulomoura.com

0,5 cm

A meio centímetro. Menos de um passo. Quase um palmo. Não, nem uma polegada. Posso sentir tua respiração, teu calor, as batidas do coração a meio centímetro de mim. O suor a meio centímetro dos lábios. O pau a meio centímetro da buceta. A ponta da língua a meio centímetro do cu. A gota de sangue a meio centímetro da mordida. O murmurar de obscenidades a meio centímetro dos uivos meus. Você e eu, fudidos, esfolados, a nem um passo, a nem um palmo, nem uma polegada: a meio centímetro do paraíso.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

NÃO aos 90,71%

Quem quiser assinar uma petição da sociedade civil contra o aumento absurdo que os parlamentares do Congresso Nacional estão querendo dar a si próprios (que cara de pau!!!) é só clicar aqui www.PetitionOnline.com/oeleitor. A minha assinatura foi a de número 85523. Assinem já!

OLHO VIVO, INDIGNAÇÃO E AÇÃO!
Abraço e beijo a todos e todas (ai meu deus, essa questão de gênero já me cansa...)


Peguei a dica com o Pirata Z.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

voar e cair: quase
















Ela era uma artista. Artista do vôo e da queda, livre. Não tinha medo de quedas e sorria, sorria. Sorria da própria quase queda. Mas ela negava que voava, sim, ela negava. Ela dizia que caía. Porque essa era a sensação que tinha: sentia que caía, sentia a queda. Dizia que gostava de sensações rápidas de queda. Como um susto momentâneo, como brincadeira de criança quando brinca de segurar o outro que se deixa cair para trás ou para frente. A queda ou quase queda fazia parte da sua vida. E eu chamo quase queda porque era uma queda interrompida. Mas sinceramente eu prefiro chamar de quase vôo porque é assim que eu vejo essa queda: um vôo, um vôo interrompido, incompleto, como acordar no auge de um sonho. Quase um vôo ou um pequeno vôo. Acordar no limiar, sem completar. A incompletude. Porque quase tudo na vida é incompleto. Ou melhor, tudo na vida é incompleto. Pouco é quase tudo. Tudo é quase um pouco. Tudo tá quase quase. Tudo nunca é tudo. Ninguém é tudo na vida. Ninguém “é tudo” na vida do Outro. Mas quantos são quase tudo? Poucos, bem poucos... E ela ? Quem é ela? Ela é quase deusa, quase bruxa, quase puta, quase anjo, caído, num quase vôo, quase vou.

Imagem de trapezista do Google Images

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Sivuca... (1930 - 2006)










Feira de Mangaio (Sivuca e Glória Gadelha)
"Fumo de rolo arreio e cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando em todo lugar


Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Farinha, rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pavio de cadeeiro panela de barro
Menino vou me embora, tenho que voltar
Xaxar o meu roçado, que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um Sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar"




Essa música na voz da grande (que saudade!) Clara Nunes era (é) perfeita!

Adeus, Sivuca...
Imagem do sítio: Sivuca na Rede

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

E a mulher foi pro espaço...


Se há uma coisa que eu invejo nos astronautas é a experiência com a falta de gravidade. Eu adoraria poder voar, flutuar e dar cambalhotas no ar. Já tive vontade de ser artista circense (trapezista), o que seria bem mais acessível. Mas sentir a falta de gravidade deve ser algo fantástico!

Essa aí ao lado é Valentina Tereshkova, primeira mulher cosmonauta da história, primeira mulher que realizou uma viagem ao espaço. Em junho de 1963, Valentina pilotou a Vostok 6, nave russa, e completou 48 órbitas ao redor da Terra em 71 horas. Ela tinha apenas 26 anos de idade.

Ah, anos 60, essa década louca, esses anos loucos, década de paradoxos. No Brasil: Golpe militar, AI-5 e tropicalismo. No mundo: Guerra do Vietnã, Maio de 68... Revoluções, ditadura, guerras e corrida à lua. E Valentina dando cambalhotas no espaço... Tereshkova, Tereshkova, Tereshkova... adoro pronunciar nomes russos, adoro! Tereshkova, Tereshkova,Tereshkova...

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

S.O.S Grelo



... e tem aquela história que diz que a mulher precisa do homem só na hora de abrir o vidro de azeitona. Discordo veementemente. Eu abro vidro de azeitona, sim, como também troco lâmpadas, mato baratas... Todavia, meus caros e minhas caras, devo confessar com um sentimento de fracasso imenso: não consigo lamber o meu próprio grelo! Absurdo isso, não?! Onde já se viu, não conseguir lamber o próprio grelo? É tão absurdo quanto um homem não conseguir chupar o seu próprio pau. Vocês conseguem, né, rapazes?
Mas é verdade, moçada, não consigo, já tentei de várias formas e posições. Estou começando a ficar complexada, preciso ir a um analista (de preferência, tarado). Creio que devo ter algum problema de coluna, sei lá... Por favor, não caçoem de mim. É uma limitação minha dentre muitas outras. Então, nesses momentos... é...bem...quero dizer...quando me dá aquela vontade de ser lambida no grelo, eu sou completamente dependente de um homem. Só que eu não sou casada nem estou namorando. E por incrível que pareça sou uma moça tímida, tenho meus pudores. Para mim é muito difícil sair à rua e me dirigindo a um estranho qualquer, dizer: Ei moço, o senhor poderia lamber o meu grelo, só um pouquinho, sem compromisso, viu? Ou então falar com algum velhinho: Por favor, não quero tomar seu tempo, meu bom velhinho, mas poderia me dar uma lambidinha no clitóris? E então o velhinho diria: O quê? Não escutei direito, minha filha, repita por favor. E sem poder falar mais alto na rua eu apelaria para a mímica (que ridículo). Mas o velhinho continuaria sem entender nada...

Bem, talvez seja o caso de marcar uma consulta com um ortopedista. O que acham? Tô precisando de ajuda, senão vou acabar enlouquecendo ou desenvolvendo sérios problemas na coluna vertebral. Ai! Meu cóccix!


Imagem do Google Images e também capa do Cd do artista inglês Jan Allain (não conhecia).

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

domingo, 10 de dezembro de 2006

...mas a questão é que...


Questão de ordem:
sou desordenada
porque
não sigo ordens.

Questão de classe:
sou desclassificada
porque
não sou classificável.

sábado, 9 de dezembro de 2006

+ Arte Erótica

Uaaau! Macacos me mordam!
Desenho do grande quadrinhista italiano, falecido em 2003, Guido Crepax. Que loucura, hein?! Aaaaaau!!!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Arte Erótica


Quem sempre visita o meu refúgio já deve ter percebido a minha admiração pelo grande artista austríaco Egon Schiele, basta ver suas obras que já editei aqui. Acho belíssima e muito moderna sua pintura expressionista: seus amantes em lençóis amassados, as jovens e belas putas que pintou, seus auto-retratos nu ou vestido (que são muitos)...

Schiele nasceu em 1890 em Viena. Filho de uma família humilde: seu pai trabalhava em estradas de ferro. Aos quinze anos ficou órfão do pai e um tio materno assumiu seus cuidados. Um tio que me pareceu muito bacana, por reconhecer no sobrinho seus dotes artísticos e o apoiar. Assim Schiele iniciou seus estudos de desenho e pintura numa Academia de Viena, mesmo contra a vontade de sua mãe que queria que ele seguisse a profissão do pai (tem cada mãe...). Aos 17 anos conheceu Gustav Klimt (artista que eu também adoro!). Klimt foi seu mecenas, comprando suas obras, arranjando-lhe modelos e o apresentando a pessoas influentes. Aos 18 anos realizou sua primeira exposição mas insatisfeito com o conservadorismo da academia, Schiele abandonou os estudos e com outros colegas criou o grupo Neukunstgruppe (Grupo Nova Arte). Daí começou a explorar mais as formas e expressões humanas bem como a sexualidade.

Em 1911 conheceu Valerie Neuzil, garota de dezessete anos, com quem viveu em Viena e a usou como modelo em seus melhores trabalhos. Schiele e Valerie mudaram-se mais de uma vez de cidade: seu hábito de pintar adolescentes da zona tinha impacto negativo sobre a população (caretice, caretice, caretice). Schiele chegou a ser preso, durante 21 dias, por suas obras serem consideradas pornográficas.

Bem, foram muitas as exposições de sucesso desse grande artista, principalmente aquela que expôs seu trabalho inspirado na Última Ceia, no qual seu retrato aparece no lugar de Cristo (muito iconoclasta, hein?).

Em 1918, Edith, grávida, morreu vítima de gripe espanhola e Schiele retirou-se deste mundo poucos dias depois, tinha apenas 28 anos, morreu de apoplexia , mesmo mal que acometeu Klimt, morto no mesmo ano.

Ao invés de ter colocado uma foto de Egon eu poderia ter editado mais uma obra sua, talvez um auto-retrato nu. Só que também curto fotografia e achei essa foto linda, muito expressiva. Ah, mas Egon foi um homem muito expressivo e belo...

Belo e Safado...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Sabedoria

A felicidade, no reduzido sentido em que a reconhecemos como possível, constitui um problema da economia da libido do indivíduo. Não existe uma regra de ouro que se aplique a todos: todo homem tem de descobrir por si mesmo de que modo específico ele pode ser salvo.
Sigmund Freud. O Mal Estar na Civilização.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Delírio


curvei-me
até o chão
e beijei teus pés

não

não eram teus pés
mas tão somente
pegadas
de ilusão




Pintura de Egon Schiele

A lebre e a tartaruga


Retomei minhas caminhadas matinais na beira-rio do bairro da Torre. Estava precisando. Mas não pretendo fazer aqui apologia de vida saudável. Quero falar sobre o meu caminhar pensante.

Todo mundo pensa enquanto anda. Eu imagino que sim, né? Eu penso bastante e o meu pensamento voa, foje e quando eu descuido ele já está a 700 m de distância de mim. É uma lebre esse pensamento. Já meu corpo é uma tartaruga, não acompanha o pensamento e fica para trás, sempre.

Hoje eu resolvi criar uma disputa entre os dois: o pensamento-lebre e o corpo-tartaruga. Alonguei meu corpo, me concentrei e acelerei o ritmo, marcha acelerada e não é que num descuido da lebre a tartaruga alcançou a velocidade do pensamento que quase desapareceu, e por pouco não atingi o satori.

Papo doido, né? Passou, gente, passou.


Desenho acima de Hare & Tortoise

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

veludo azul

me esfrego
no fruto ma
duro, ma
cio veludo -
carícia na carne
nua

me abro
inteira,
minha pele sua
e na carne crua
recebo rajada
do vento azul
de agosto

Pintura de Egon Schiele

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O Olho do Furacão

Eu estou no olho do furacão
de emoções fugidias
que giram e giram
há dias

Eu estou no olho do furacão
de tempestades emocionais
que aportam e aportam
no cais

Eu estou no olho do furacão
de alucinadas paixões
que gemem e gemem
canções

Eu estou no olho do furacão
Eu sou o olho...

Dia de Combate à Aids


Hoje é o Dia de Combate à Aids, por isso, moçada, usem camisinha, sempre. Tudo bem, eu sei, é mais gostoso sem... mas fazer o quê, né? Um abraço.
E uma trepada bem gostosa pr'ocês!


Pintura de Keith Haring. Para quem não sabe, Keith Haring foi um artista pop novaiorquino, homossexual, ativista e que faleceu em fevereiro de 1990 aos 31 anos de idade vítima de aids.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

ao léu

Quando me atirei senti os eixos fora de prumo mas ainda assim cotinuei, tonta, sem fôlego, avancei o sinal proibido: vermelho que atrai, alerta que já vai... tarde. Segui em frente sem medo, sem destino, no desatino da loucura da paixão voraz. E tenho fome, tenho sempre muita fome. Vontade de comer, de beber. Sou uma junkie em potencial. Mas sou limpinha nas entranhas, já minhalma é bem safada. Não, não peco, porque não creio no pecado. Pecado só existe na maldade das mentes maliciosas. E me perco, já me perco no texto que preludiei com intenção de ser prólogo de uma história sem pé nem cabeça. Então vai-vai avança o sinal. Se deita na faixa. Adoro ser pedestre pra xingar os maus motoristas. Filadaputa! Olha a faixa, desgraçado! Se eu fosse Chefe de Estado, ditadora, eu aboliria os automóveis. Só existiria transporte público. Filadamãe! Olha a faixa, infeliz! Descarrego o meu desassossego na rua. E jogo panos quentes nas discussões domésticas indiscretas que se fazem ouvir em toda a vizinhança. Acho que tento ser civilizada. Tento, assim, no furacão. E sabe do que mais? Já falei demais. Bye!

Leite Ninho

No burburinho do ninho
amantes dançam
ao sabor de(leite)...
e quando a razão anoitece
o transbordar da emoção
arrepia!

Lia i agia

Nada como um outro atrás do dia.
Gosto de melão e melancia.
A vaca ruminava e tossia.
Tô quase superando a melancolia.
Desaprendendo a fazer poesia.
Então faz favor,
não me venha com elegia.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Cd do Cadão



Tudo o que eu quero dizer tem que ser no ouvido
Esse é o nome do primeiro disco solo de Cadão Volpato, vocalista da banda paulista Fellini. Ouvi trechos das canções na net e curti um bocado!
Cadão, em seu debut solo, apresenta a mesma poesia surrealista, com fino humor, que se ouvia no Fellini, e as canções são suaves, suaves. Não gosto de me arriscar enquadrando em rótulos músicas de artistas mas eu diria que Cadão faz uma bossa-rocker!
Que ele nunca leia isso...
Ah, a capa do disco foi desenhada por ele. Eu adorei!

terça-feira, 28 de novembro de 2006

domingo, 26 de novembro de 2006

Antecipo-me

Antes de saber o que escrever
eu pego papel e caneta

Antes de decidir onde ir
eu escolho roupa e sapato

Antes de falares o que queres de mim
eu já estou nua...

Fiz-me aquarela




Sem saber o que escrever,
resolvi aparecer.
Foto recentíssima
(de ontem).

sábado, 25 de novembro de 2006

Santinha x Nense

E amanhã tem embate entre tricolores: Santa Cruz (PE) x Fluminense(RJ).
Mas o meu Santinha não tem mais nenhuma chance de escapar do rebaixamento.
Bem, que vença o mais habilidoso.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Memórias do Ernesto (quem se lembra?)

Para quem não conhece, Ernesto Gamuza é um amigo meu de longas datas e que escreveu algumas historinhas sacanas no meu antigo blog (nganga_____adoro manga), na realidade sua memórias eróticas mais safadas. Ontem à noite ele me enviou por emeio mais uma memória.
Ei-la:

AVISO: proibida a leitura para menores ou maiores puritanos, moralistas, adeptos da Opus Dei etc, etc, etc...
MACACOS ME MORDAM, BATMAN!!!Eu tinha acabado um relacionamento de foder a alma, fiquei arrasada (ops) arrasado. Mas tudo passa e passou...ufa. Entretanto, na época, só pensava em morrer - eu sei, eu sei, sou um tanto exagerado - e num domingo ensolarado resolvi passear no Jardim Zoológico. Melancólico, andei de pedalinho, fotografei pavões, acariciei pássaros, rugi com os leões e, como não podia deixar de fazer, dei pipoca aos macacos.
E macaco, sabe como é, né? É uma graça, parece gente. Sempre me divirto bastante diante de suas gaiolas.

Um dos macacos se chamava Alceu, muito legal, só faltava falar. E o Alceu me lançava cada olhar que, pasmem, fiquei excitado. Do jeito que eu tava carente pra caralho... e que caralho tinha o Alceu, putz! Meio cabelulo, admito, mas um caralhaço! Então assim...é...
discretamente, sabe...na boa...com a melhor das intenções, agarrei o pau do Alceu e ele gostou...HUHUHU HAHAHA HUHUHU HAHAHA: foram suas palavras onomatopéicas de prazer. Mas o sacana do macaco gostou tanto que, inteligente que só ele, abriu a grade da jaula e me chamou pra entrar. O macaco quis trepar comigo. Quem já se viu!?! Mas do jeito que eu tava carente pra caralho...(sei, sei, estou me repetindo) arriei as calças e me fiz comida (AU!!!), foi demais, demais! O Alceu me deixou arrasado, NOSSA! Mas depois de caça virei caçador. I’m The Hunter: fi-lo ficar agachado e enrabei o macaco mas tive um azar danado, fui flagrado. Chamaram a polícia, O IBAMA, me lasquei! Exclamei. C’est la vie... dormi no xilindró, mas como não tinha antecedentes criminais (registrados, obviamente), logo me libertaram.
Nunca mais repeti essa loucura, mas cá entre nós, não me arrependo: QUE FODA DA PORRA, BICHO!!!

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

As pedras também cantam

Sou pedra bruta
que se machuca
nas arrebentações
das líquidas paixões

Sou pedra dura
que perdura,

quebra-mar
que de tanto a(mar)
aprendeu a cantar

terça-feira, 21 de novembro de 2006

verde que te quero vermelho



"Para que os olhos verdes, se posso tê-los vermelhos? E se o vermelho de meus olhos, vem do verde da natureza?"(Bob Marley)

Tá a fim de um baseado? Algumas ervas fazem milagres...
E eu sou
Papoula no Horóscopo das Flores...

Lindo, esse homem, né?! Eu acho!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

do amor próprio e do amor fraterno

Infelizmente, determinadas relações amorosas só nos oferecem duas escolhas: amar o outro ou amar a si própria. Ou seja, algo impossível - não há amor ao próximo sem amor a si próprio.

Todavia, esse mesmo amor (se ambos desejarem) pode adquirir novos contornos:
a ética/estética do amor fraterno...

"...quem poderá fazer aquele amor morrer se o amor é como grão? Morrenasce trigo, vive, morre pão" (Gilberto Gil, Drão).

Black Power

Hoje é o Dia da Consciência Negra e segundo última pesquisa do IBGE, cresce a participação de negros e negras nas universidades brasileiras: de 18% para 30% (na última década).
Salve Zumbi! Salve Dandara!
E viva as comunidades quilombolas!

domingo, 19 de novembro de 2006

O Baú da Memória

Vinólia não é prima de Magnólia mas tem as suas excentricidades. Ela tem um lindo baú de madeira com detalhes e fechadura em ferro. Roubou, ou melhor, pegou emprestado eternamente de um Convento Franciscano do século XVIII. Vinólia adora tudo o que é antigo, principalmente baús antigos. Porque os baús lembram segredos, tesouros, memórias e aquela história do "Pluft, o Fantasminha" que ela assistia quando criança, divertindo-se pra dedéu!

Vinólia encontrou esse baú vazio cheio de mofo e cupim. Ficou indignada ao vê-lo em péssimo estado de conservação e conversando com o Frei Xaveco, muito bacana por sinal e um tanto quanto romântico, convenceu-o a ajudá-la a levar o baú dali para a sua casa. Em casa, Vinólia restaurou o baú com toda delicadeza e amor e depois da restauração colocou o baú em seu quarto, no sótão, ao lado da sua cama. Aí então reuniu tudo o que lhe era/é precioso: fotos, cartas, poesias, objetos de valor sentimental, memórias que vivenciou e memórias que apenas sonhou (e sonha).

Mas não pensem que o baú é uma espécie de arquivo morto, não. Muito pelo contrário: diariamente Vinólia visita as suas memórias... Seu tempo é sentido, pensado e vivido como descontinuidade. Porque ela não separa passado e presente. Eles são idênticos e se refletem como num jogo de espelhos: um no céu, outro no chão (Isto é a visão de mundo dos Apinayés, índios do Brasil central - ver "O que é etnocentrismo" de Everardo Rocha, Ed. Brasiliense. Ou Roberto Da Matta que conviveu com e estudou os Apinayés)
.

in
nganga_________adoro manga

sábado, 18 de novembro de 2006

Subjetiva

a Roland Barthes

Sou pessoa subjetiva
como câmara clara:
lúcida.
Objetiva só a lente
da minha câmara:
escura.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Quasar


...quase sempre é assim quase
na base do nunca faço
quase sempre faço tudo
assim quase
e a vida é quase tão
tão perfeitinha mas quase
nunca entro numa
quase fria e acerto o alvo
quase e então quase me faço
entender mas de quase tão

confusa assim quase quase digo
o que sinto e quase sigo
o caminho distante
da galáxia do quase
verbo brilhante
Quasar!

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Que sabor?

Que sabor, que sabor
terá a porra do meu amor?
sabor de leite ou de fel
ou aguardente com mel?

Que sabor, que sabor
terá a porra do meu amor?
sabor de sonho, devaneio
fantasia, eu creio

Que sabor, que sabor
terá a porra do meu amor?
sabor de trio ternura
ou tesão com doçura?

Que sabor, que sabor
terá a porra do meu amor?
sabor de espera, esperança
aceita essa contradança?

Que sabor, que sabor
terá a porra do meu amor?
sabor de entrega e vertigem
espana essa fuligem!

Que sabor, que sabor
terá a porra do meu amor?

sabor de rasgos de ousadia
de correr riscos por um dia?

Que sabor, que sabor?

Paixão afoita, exagerada,
desmedida, desenfreada
Oh, já não se fazem paixões
como antigamente...

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

"A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível"

Miguel Esteves Cardoso, crítico, escritor

e jornalista (enfant terrible) português.

Despecialista

Sou despecialista em quase tudo
mas me especializei em flutuar
na superfície das coisas

Meu vôo é rasteiro
meu mergulho, raso
minhas quedas não me causam danos
não me afogo há anos
arrisco-me em risco calculado
e labuto por um viver sossegado

Gosto de quase tudo
mas separo o joio do trigo,
só não aprendi a me especializar
senão por navegar
nas águas vastas do devaneio

E memórias que não fixei avisto
com os olhos d'alma à margem oposta
do espelho oceânico,
porque o ouro lusobantu em mim
vive
velado no inconsciente
pela nuvem de pó.


in nganga_________adoro manga

Poema de Ana Cristina Cesar

Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
e limpa à minha espera:


segunda-feira, 13 de novembro de 2006

felicidade











tua alegria me alcançou em cheio
e eu já nem seio
se me devoto
ou me arreio
toda...

mais uma pintura de Egon Schiele

domingo, 12 de novembro de 2006

mais

Não, não.
Hoje não tem poesia.
hoje não tem alegria,
hoje não tem magia.
Mas tento,
tento escrever para não perder

o hábito de tentar escrever,
de tentar ser poeta
nesse mundo que a cada dia
perde mais
pede mais
pede mais poesia.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Resposta nonsense a um advogado absurdo

Revelação: encontrada uma foto do elemento Nicomar Lael, vulgarmente chamado de Picuchinha. Eis a foto à esquerda. Como podem ver, caros leitores(as), o sujeito tem uma fimose que parece mais uma peruca loura, o que não o impede obviamente de manter relações sexuais com uma macaca que adotou, chamada Aninha Rosquinha. IBAMA, acuda essa pobre macaca!!!

Caros(as) leitores(as), essa é uma resposta a um advogado que atende pelo nome de Nicomar Lael que me fez sérias ameaças hoje há tarde (quem quiser ler a mensagem basta clicar nos comentários da postagem anterior).

Pintura de Keith Haring

Digo e repito, nem tudo que se cheira é pó.
Na minha idade, Sr. Nicomar, as ervas são mais aromáticas que o frágil pó aguerrido da insatisfação sexual de certos donos da verdade que se irritam na causalidade dos fatos feitos de jeitos dejetos estapafúrdios.
Portanto, Sr. Nicomar, venho por meio desta reafirmar que enquanto a justiça é cega, eu vejo com esse óio que a terra há de comer...
E comendo todos uns aos outros, produziremos uma cadeia alimentar saborosa e amorosa, visto que o amor é flor que se cheira, aqui, ali, acolá, sempre na hora que o mar lamber os arrecifes e deixar sua espuma deliciosamente nas trincheiras do desejo que se quer magia, que se quer fantasia, sonho e alegria. E pirilampo não pira, só vaga-lume. É tudo: para o bom mentecapto meia lucidez basta.

Resposta ao Seu Moço

Seu Moço, Seu Moço, pelo jeitão você tá querendo me cooptar com sua malícia na criação de um factóide para caluniar mais uma vez o companheiro Jens. Nã nã ni nã nã. Não tente obter afirmações falsas de minha pessoa sobre um boato de que o estimável companheiro Jens estaria, como um lobo mau, derrubando barracos na periferia do Grande Recife só para prejudicar a gestão petista. Todos sabemos que o companheiro Jens jamais faria isso, todos sabem que ele fez campanha para Lula, para Olívio e nunca seria capaz de prejudicar uma prefeitura do PT. Por isso não conte com minha ajuda. Sou uma mulher recatada, de comportamento exemplar, boa filha, boa irmã, boa tia, boa ex-esposa, boa amiga, boa moça... Enfim, sou uma mulher boa. Melhor que eu só Madre Tereza de Calcutá ou uma cerveja Antarctica estupidamente gelada, A Boa. E digo mais: a nível de (putz! Essa doeu...) escritor, não tenho nada a dizer de suas crônicas, em compensação a nível de (de novo?!) pessoa, Seu Moço, você tem se revelado um sujeito sórdido, pior que o senador Jorge Bornhausen. És um pernambucano que renegou suas origens valorosas para tornar-se um burguês paulistano, com dinheiro para pagar advogado particular (Sr. Nicomar Lael), enquanto que o nosso querido companheiro Jens só pode contar com a Defensoria Pública de seu Estado. Por isso e muito mais (Ui!) serei solidária (Ui!) com o companheiro gaúcho, de ascendência farroupilha, um verdadeiro revolucionário, incapaz de qualquer atitude que venha prejudicar a gestão de uma prefeitura democrática. E tem mais, parafraseando o companheiro Jens: DEIXA O HOMEM GOZAR. Não, dessa vez não finalizarei meus comentários com beijos.
E tenho dito.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Viva o Amor Livre!














Clara sabe amar
de todo jeito
Clara é o amor
em todo leito
Clara é amante
de todo homem
que souber amá-la
e fodê-la
com adoração.

pintura de Egon Schiele

SUDOESTE

"tenho por princípios
nunca fechar portas
mas como mantê-las abertas
o tempo todo
se em certos dias o vento
quer derrubar tudo?"



Adriana Calcanhoto/Jorge Salomão
(do disco A Fábrica do Poema-1994)

terça-feira, 7 de novembro de 2006

poemeto duvidoso e poemeto amoroso, não necessariamente nessa ordem

Exalando gemidos cálidos
a indolente macia
se aninha
em lençóis escorregadios.
E afoita se afoga
no leite
espumando bolhas.


Exalando gemidos cálidos
a indolente macia
se aninha
em lençóis escorregadios.
E afoita se afoga
no leite
espumando bolhas.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Projeto do Senado

Está tramitando no Congresso projeto que controla o acesso à Internet: usuários de emeios, sites, blogs, salas de bate-papo, capturadores de imagens e música, teriam que informar nome, endereço, telefone, identidade e CPF aos provedores de acesso à Internet.

Já existem críticas ao projeto tanto dos provedores, que dizem que a medida vai burocratizar e restringir o acesso à internet e que os cibercrimes já podem ser identificados através do IP (protocolo da Internet), quanto de ONGs, como a Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), que diz que a lei, se aprovada, não surtirá efeito pois o criminoso poderá agir através de provedores do exterior.

"Não se pode acabar com a rede, em nome da segurança, porque ela nasceu com a perspectiva de ser livre e trouxe conquistas muito grandes, como a liberdade de informação e de conexão", diz Thiago Tavares, presidente da Safernet. A entidade é dirigida por professores da Universidade Federal da Bahia e da PUC daquele Estado.

Ah, vale salientar que o autor do projeto é o senador Eduardo Azeredo (PSDB), ex-governador de Minas Gerais. (Informação retirada da Folha on Line).

Já publiquei, recentemente, um artigo sobre a ameaça da neutralidade da rede. Acho que o cerco está se formando...

Blogueiros, UNI-VOS! Resistir, sempre.

domingo, 5 de novembro de 2006

ao arqueólogo do futuro

“Ao Arqueólogo do Futuro” é um especial da Carta Maior, bem bacana, onde várias personalidades entre, filósofos(as), escritore(as), poetas, artistas, etc, escrevem uma carta fictícia a um suposto arqueólogo do futuro, falando sobre o nosso tempo (para o tal arqueólogo, seu passado), ou fazendo indagações ao mesmo. Estão presentes no especial Olgária Matos, Emir Sader, Moacyr Scliar, Ferreira Gullar, Augusto Boal, Frei Betto e outros(as). Quem ainda não leu, vale a pena conferir.

Inspirada nas cartas, resolvi enviar mais uma cartinha para o Arqueólogo do Futuro. Mas ao invés de publicar na Carta Maior (imagina se eu tenho cacife...) estou publicando aqui, no meu refúgio. Ei-la:

Caro(a) Arqueólogo(a) do futuro,

Não sei como é o mundo onde vives (o futuro). Gostaria imensamente que fosse o mundo que eu sonho: tranqüilo, sem violência, trabalho para todos (pouco trabalho, nè? Afinal, nada melhor que ficar deitada na rede, comendo jaca e cuspindo o caroço num balde), natureza preservada, boa qualidade do ar, da água, terra fértil, boa qualidade dos relacionamentos, muita arte, poesia, música, cinema acessível à todo mundo, muita saúde e que ninguém precise de muito dinheiro pra ser feliz. Puxa! Tanta coisa! É, sou ambiciosa. Mas eu tenho uma curiosidade curiosa (aliás, tenho várias): qual foi o destino do Orelhão? Orelhão, cabine telefônica. Tá me entendendo? Ou será que você, caro arqueólgo, não me entende? Então provavelmente o orelhão sumiu, foi abolido, que pena... Adoro Orelhão, apesar de ser o terror dos deficientes visuais. Mas parece que o “bichinho” está em extinção. Espero estar enganada. Será? Tenho o meu celular, apesar de ter resistido bastante a essa tecnologia, mas Orelhão e cabine telefônica pra mim já faz parte da paisagem urbana, é mobiliário urbano. E quem ainda não tem celular, precisa dele.

Certa noite, quando ainda não tinha comprado o meu celular, estava andando em uma rua de Casa Forte (bairro da aristocracia pernambucana) e precisei dar um telefonema. Tive que andar um bocado pra achar um Orelhão. Estava sozinha e fiquei morta de medo de ser assaltada. Quem conhece Casa Forte sabe: à noite as ruas são desertas, os edifícios e casas têm muros altos, o que torna as ruas abandonadas. Fiquei indignada e preocupada pensei:
será que na era do celular o telefone público desaparecerá? Será que seremos todos obrigados a ter um celular por falta de Orelhão?

Sei que não é bem assim que as coisas funcionam. Muita gente pobre hoje tem celular. É status. Mas se você pensar direitinho, meu caro, ele não é tão essencial. Entretanto, nos séculos XX e XXI tornou-se um objeto de desejo, de consumo e até de necessidade, haja visto que os Orelhões estão cada dia mais escassos, aqui, de onde eu lhe escrevo. Tem gente que não tem casa saneada mas tem um celular, às vezes até dois. Acho isso tão absurdo!

Bem, é tudo, apesar de ter outras curiosidades: o sexo virtual será possível? Eu digo pra valer meeesmo, com direito à visão, audição, paladar, olfato, tato, pele, língua, lábios, dente, carne, fluidos, gléa, sêmen, pentelhos...

Atenciosamente (ansiosamente por respostas),
Sandra Camurça.

sábado, 4 de novembro de 2006

Jazz


"jazz é uma palavra crioula que os brancos despejaram na gente" (Miles Davis)



Kind of Blue
Kind of Blue
Trompete de Miles
De Miles, demais!
Elegância silenciosamente contida
E o baixo, baixo
Contra-baixo
Insistente, constante, firme
Bateria zen zen
O jazz improviso tão
Macio tão tão assim
Inexplicavelmente malicioso
Deliciosamente...
Sax Coltrane tenor vem vem,
Complexidade inquieta
E o piano suave entra
Sai entra vai vai
Baixo baixinho tão
Discretamente tão assim
Maliciosamente sensual
E assim luxuriosamente
me rasgo
Nos rasgos das notas
Liberdades
Amorosamente fatais.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Rascunho


"A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção" (Vladimir Maiakóvski)





...e assim eu começo sem saber exatamente
onde sinto, o que estou
o que estou fazendo, sentindo.
Não sei se devo,
não sei se devo.
Não sei se curvo,
não sei se curvo.
Se perco o juízo, virei improviso.
Sou um ser-improviso,
rascunho de mim mesma.
Sem projeto de futuro,
só presente,
só me faço presente,
o tempo todo presente.
Presente aqui agora.
Seguindo em frente sem esperar nada,
Sem esperar nada
Preguiçosa, mas produzindo produzindo,
produção produção sempre produção.
Escrevo produzindo, rascunhos sim rascunhos
E ruidosa sigo me desnudando em público.
Estou nua, sim estou nua.
Minha alma está...
e nem tudo que se cheira é pó.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

todo lábios

a Allen Ginsberg e Vladimir Maiakóvski*


Isabel é uma mulher desocupada. Ela não ocupa o seu tempo. Ela perde o seu tempo.
Desde criança Isabel ouvia as pessoas dizerem pra não perder tempo com bobagens: poesia, música, arte... Diziam que artista era sujeito vagabundo, desocupado. Mas Isabel adorava poesia, música e arte. Por isso, quando cresceu, resolveu ser uma desocupada. “Perder tempo é a melhor coisa da vida!”. E Isabel perde tempo com tudo, principalmente escrevendo poesia. Virou uma “perdida”. E quando lhe perguntam o que ela é, Isabel responde com seu humor mordaz: “Soy una perdedora”. E então alguém diz: “não se preocupe, querida, um dia você vai se encontrar e com determinação subirá ao pódio dos vencedores, viu?”. E Isabel revira os olhos, impaciente.

- Será que vocês não entendem que o grande barato da vida não é encontrar-se mas sim, perder-se. O legal é seguir perdendo-se pelo caminho. Achar-se, encontrar-se, é conseqüência. E não me interessa ser uma “vencedora”. Percam tempo! Percam tempo! Experimentem! Dancem! Cantem! Façam das suas vidas poesia! Façam arte! Rasguem as fardas dos tenentes! Cuspam fora o sabor Mac Donalds dos dentes! América, quando você será amorosa?! Quando você merecerá seu milhão de hippies, punks, anarquistas?! Estou prestes a tomar de assalto o amor...
- É isso aí, gata!!! – disse um rapaz, aproximando-se de Isabel e falou aos tolos burgueses –
“vós outros não podeis fazer como eu, virar-vos do avesso e ser todo lábios”*.

Seu nome era João, um vagabundo, um doce e romântico vagabundo. E depois daquelas palavras Isabel caiu de amores pelo poeta. Naquela mesma noite começaram a namorar. E João soube perder muito tempo lambendo Isabel. Lambeu como um gato. Nossa! Fez-se língua, todo lábios, todo amor.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

O SOL (67/68)



“Eu acho que o que fica dessa experiência é que dá sempre para você fazer e tentar, experimentar os horizontes do possível. Nossa parte, bem ou mal, nós fizemos. Agora tem que fazer. De preferência diferente. De preferência melhor”. Zuenir Ventura falando sobre a geração 67/68 no Documentário O SOL de Tetê Moraes e Martha Alencar.

Assisti ontem esse documentário, muito bacana! O SOL, para quem não sabe, foi um jornal alternativo que só durou seis meses entre os anos de 67/68. Funcionou como um jornal-escola onde muitos jovens exercitaram sua liberdade de expressão. Sabe aquele trecho de Alegria, Alegria do Caetano em que ele diz: “O sol nas bancas de revista, me enche de alegria e preguiça, quem lê tanta notícia...”, pois é, era O SOL – o jornal. Essa geração, que hoje está na faixa dos 60 anos, ousou um bocado, desafiou toda a caretice pequeno-burguesa. Ousaram sonhar e ainda sonham... No documentário estão presentes, além de Zuenir Ventura, Chico Buarque, Caetano, Gil, Carlos Heitor Cony, Vladimir Palmeira, Ruy Castro, Hugo Carvana, Ziraldo e outros(as). Geração arretada! Que muito admiro e me identifico. E pensar que em 67 eu nem sequer tinha nascido...

domingo, 29 de outubro de 2006

continuemos...

Parabéns Lula! Parabéns Ana Júlia! Parabéns Eduardo! Parabéns Vilma! Parabéns Sérgio! Parabéns Roberto! Parabéns Jackson! Parabéns Seu João, Dona Zefinha, Dona Maria, seu vizinho, esse Menino, o Antônio da Dona Sônia, a Clementina do andar de cima, o Seu Pereira da padaria, o Carlos da borracharia, a Severina do salão de beleza... Parabéns! Parabéns a todos que estavam do lado contrário às forças mais conservadoras. Por isso, independente do resultado da eleição, parabéns Olívio!!! A luta continua...

estrela lá





Olha aí, olha aí!
Que beleza de estrela!
Ai! Como eu tô ansiosa!

sábado, 28 de outubro de 2006

eleições - tá chegando a hora!

Queridos e queridas,

Ta chegando a hora! Então desejo a vocês um feliz domingo e que Lula consiga a reeleição. Por todos nós: brasileiros e brasileiras, latinamericanos, negros, índios, mestiços, brancos, feministas, gays, meninos e meninas de rua,donas-de-casa, putas, loucos, hippies, punks, grafiteiros, trabalhadores, desempregados, favelados, sem-terra, sem-teto, anarquistas, socialistas, comunistas e quem mais sonhar com um Brasil melhor, com um Mundo melhor, mais sensível., mais democrático. Onde a mercadoria NÃO prevaleça sobre os valores humanos. Porque acreditamos que um Outro Mundo é Possível.

Grande abraço!

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

dois pensamentos

Nem tudo que tem significado é racional

*********

ame-o ou deixe-o.
retificando
ame-o(a), deixe-o(a) livre.

haicai pra Lula


Num certo domingo,
uma festa popular.
Estrela vermelha brilha.

poesia russa

litografia de Khlebnikov por Maiakóvski(1913)
Hoje de novo sigo a senda
Para a vida, o varejo, a venda,
E guio as hostes da poesia
Contra a maré da mercancia.
1914
Velimir Khlebnikov
(Tradução:
Augusto de Campos)

eleições - poesia

UM POEMA É UM POEMA É UM SONHO
Moacy Cirne in
Balaio Vermelho

uma esperança não se constrói
da noite para o dia
nem se faz fácil
como o sorriso de uma criança
morena negra loura ou azul
verde ruiva ou mangaba
assim sendo assim sim
ainda é possível
sonhar com o sonho
mais uma vez
mais uma vez
é possível sonhar
com um brasil nosso sonho
nossa dor nossa luta
e de sonho em sonho
sonhar com a poesia
sonhar com a alegria
sonhar sonhar para espantar
para bem longe longe longe
o medo dos atormentados
o medo dos desesperados
o medo dos destemperados
assim sim assim sendo
sonhar sonhar sonhar
com acari caicó e jardim do seridó
fortaleza recife olinda e ouro preto
joão pessoa currais novos e porto alegre
natal rio de janeiro e belo horizonte
a aurora que se faz
bela chama bela flama
cantos e cantorias
glórias e alegorias
assim mais assim
menos e mais
sonhar como nunca
se sonhou antes
em outros carnavais
em outros temporais
em outros brasis
um brasil-operário que te quero
13 vezes 13 vezes 13
o país dos mil desejos
anseios naviloucas
e uma esperança:
a esperança de um brasil
mais brasileiro
mais justo
mais povão
sem perder a ternura jamais
nas palavras de um revolucionário
latino-americano latino-africano
latino-ameríndio negro e branco
como um brasil de todos os sonhos
e de todas as luas e lutas
sem perder a ternura jamais
sem perder a ternura jamais

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

maracatu, suor e carnaval!!!

Salve! Companheiros e Companheiras!

Hoje o meu dia foi cheio. Pela manhã: responsabilidades. À tarde e à noite: FESTA! Festa de rua, carnaval, o melhor carnaval do mundo: PASSEATA PRÓ-LULA LÁ E EDUARDO CÁ.

Gente foi lindo! Lula não veio mas nem precisava, aqui em Pernambuco ele tem mais de 70% da intenção de votos. E estima-se que a passeata tivesse mais de 70 mil pessoas. Foi o próprio GALO DA MADRUGADA. Carnaval fora de época. Lindo, lindo! Reencontrei amigos que não via há um tempão. Ah, e a diversidade! Nossa! Teve uma hora que eu tava entre as pessoas simples e humildes do MST, com suas bandeiras e seu líder, Jaime Amorim (o nosso João Pedro Stédile) e o lençol de arco-íris coloridíssimo do Movimento Gay Leões do Norte. É maravilhoso isso! Fora a diversidade musical. Frevo de bloco, frevo de rua, maracatu, ciranda... Ariano Suassuna no carro aberto juntamente com Eduardo Campos, João Paulo (nosso querido prefeito do PT), Humberto Costa e diversos deputados estaduais e federais eleitos. Também teve a já tradicional chuva de papel picado e bolas de encher que o pessoal dos edifícios da Av. Conde da Boa Vista soltam em todas as passeatas do PT. Por fim os discursos no palanque montado na pátio da Igreja Nossa Senhora do Carmo. Depois fui para um bar do Pátio de São Pedro e reencontrei os amigos perdidos durante a passeata.

Um dia inesquecível, como muitos outros que ainda virão.

Aquele abraço!!! E beijos beijos beijos muitos beijos de felicidade e confiança que domingo só vai dar vermelho. E então faremos um outro carnaval!!!
sandrinha.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

zen


cautela

quando tudo vai mal:
muita cautela
quando tudo vai bem:
muita cautela


Esse aí é Basho (1644-1694) mas o pensamento zen é da Menina aqui. Qualquer dia desses faço um haicai. Mas acho dificílimo.
OoooM...

eleição - emoção e razão e...

Nossa, nem sei por onde começar. São tantas emoções... Mas eu realmente gostaria de entender quando alguém (geralmente gente da direita) critica o voto com emoção. Já viu votar sem emoção? É, sei que tem mas acho que essas pessoas não sabem viver. Como não votar com paixão, emoção, devoção. O meu voto é devoto.

Tem neguinho que acha que emoção é pra artista, pra músico, pra poeta. E que política se situa no território da razão, só e somente só razão. É verdade que emoção e razão são opostos mas isso não significa que sejam inconciliáveis. Muito pelo contrário, um pode alimentar o outro. A razão ilumina a emoção. E a emoção aquece a razão. Luz e calor por acaso são opostos?

Não precisa ser isto ou aquilo. O bacana é isto e aquilo. O legal é somar e não excluir. Mas parece que a idéia de exclusão está tão enraigada em nossa sociedade conservadora...

Posso ser isto e aquilo. Podemos ser múltiplos. Vamos festejar a multiplicidade! Vamos brindar a diversidade! O PT tem, sempre teve essa diversidade, essa multiplicidade de orientações. Porque é um partido verdadeiramente democrático. Enquanto que o outro lado, o lado mau da força, o lado Darth Vader (lembram de Guerra nas Estrelas?) é conservador e fechado, não sabe nada sobre “razão e sensibilidade”.

Mas eu queria também falar sobre essa coisa do carisma do Lula. Porque o povão adooora ele. É como se ele, Lula, fosse um espelho. “Me vejo no que vejo.... sou a criatura do que vejo” (Octavio Paz). Lula é a cara do povo. E isso faz bem a auto-estima. Porque ele, o povo, sente que tem alguém ali, na presidência, que compreende o que ele sente, o que mais precisa. Onde há carência e miséria, há idolatria, há emoção, há paixão, há devoção. Voto do povo, voto devoto. Então deixa a gente votar com emoção. Faz bem à saúde, aquece a alma.

Há de haver razão mas sem perder a emoção jamais. Um certo revolucionário poderia ter dito essa frase.

domingo, 22 de outubro de 2006

eleições

Iniciativa da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, este vem a ser mais um manifesto de apoio à reeleição de Lula. Assinado por cerca de 1200 mulheres, entre lideranças de movimentos populares, donas de casa, profissionais liberais, movimento de mulheres e intelectuais.
Ei-lo, na íntegra.

Mulheres com Lula por um Brasil soberano, justo e igualitário
Nós mulheres de todas as raças, etnias, profissões, credos, convicções políticas, orientações sexuais e classes de renda,

Estamos com Lula neste segundo turno da eleição de 2006 porque seu governo vem cumprindo os compromissos de formulação e implementação de políticas públicas e programas voltados para as mulheres, buscando corrigir injustiças sociais que atingem em especial as mulheres pobres, negras e indígenas,

Estamos com Lula porque no seu governo houve determinação política para o fortalecimento dos espaços de elaboração e monitoramento de políticas para as mulheres, com a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a ativa participação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e a Realização da Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, com a participação de cerca de 120 000 mulheres em todo país,

Estamos com Lula porque em seu governo reivindicações históricas dos movimentos sociais, como o acesso à documentação civil para trabalhadoras rurais, foram transformadas em políticas públicas,

Estamos com Lula porque sabemos que é preciso coragem, ousadia e determinação política para aprofundar as mudanças já iniciadas neste governo e que rompem com a lógica das discriminações de gênero e raça,

Estamos com Lula porque em seu governo a violência contra a mulher em todas as suas dimensões, incluindo a exploração sexual de mulheres e meninas e o tráfico de pessoas, foi assumida como questão prioritária, através de políticas nacionais,

Estamos com Lula porque o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher agora tem uma Lei; a Lei Maria da Penha,

Estamos com Lula por uma educação inclusiva e não sexista, pela aprovação e implementação do Fundeb e pelo aprofundamento das ações afirmativas já iniciadas,

Estamos com Lula pelo aperfeiçoamento do SUS, por uma atenção integral á saúde das mulheres, pela ampliação do acesso aos serviços de saúde e pela plena implementação da Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos e de Atenção Oncológica iniciadas neste governo,

Estamos com Lula pela reforma agrária e porque em seu governo garantiu-se efetivamente o maior acesso a terra e ao crédito específico para as mulheres do campo,

Estamos com Lula por mais empregos, pela melhoria da renda das mulheres e pela correção das distorções históricas que as discriminam no mercado de trabalho,

Estamos com Lula pela manutenção dos direitos trabalhistas conquistados por trabalhadores e trabalhadoras no campo e nas cidades e porque é necessário seguir incentivando a formalização do trabalho doméstico, reconhecendo os direitos e a dignidade da maior categoria profissional feminina do país - as empregadas domésticas,

Estamos com Lula por moradias dignas em cidades seguras para as mulheres e suas famílias,

Estamos com Lula por uma previdência social justa com a trajetória de vida das mulheres,

Estamos com Lula por um desenvolvimento econômico sustentável e socialmente referenciado,

Estamos com Lula pela eliminação de todas as formas de discriminação, preconceito, racismo e porque queremos ser protagonistas das mudanças que farão deste país uma Nação mais justa, igualitária, livre da pobreza e de todas as formas de intolerância que violam a dignidade dos seres humanos – mulheres e homens.

Assinado por:
Arquitetas;
SOS Corpo- Instituto Feminista para a Democracia;
Jornalistas;
Rede feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos Rio;
Donas de casa;
CMB -Confederação das Mulheres do Brasil;
Médicas;
Sindicato Costureiras ABC;
Estudantes;
Centro das Mulheres do Cabo/PE;
Atrizes;
UBM- Curitiba/PR
... continua: a luta.

Novas adesões podem ser feitas no : mulherescomlula@globo.com

El Subcomandante Jesus

Creio que esse daí também seria valioso numa revolução socialista (ou anarquista?). Não sou cristã não. Mas acho que ele foi um bom rapaz.


"Un espejo somos"
Pintura de Cecilia Martínez (México)

grelo falante


Ela tinha um grelo falante, a Rosa. É, ela tinha um grelo falante. É verdade, cara.
A Rosa tinha um grelo falante e quanto mais ela mexia no grelo mais ele falava, crescia, inchava e ficava mais vermelhinho. Quem já trepou com a Rosa sabe disso. Pode perguntar. Ela tinha um grelo falante, sim. E toda noite ela se deitava na cama, abria as pernas e começava a brincar com o grelo. Grelo doido, sem grilo. Grelo sem pudores, cheio de odores amores. E a Rosa umedecia ele: colocava o dedo médio na boca, molhava de saliva, resvalava a mão até o grelo e começava a friccioná-lo. O grelo ficava animadíssimo e começava a falar: vai Rosa, faz assim, faz assado...

Ô grelo danado, fogoso. E a Rosa não tinha o menor controle sobre aquele “bichinho”. E graças a ele a Rosa tinha orgasmos, espasmos deliciosos. O bacana é que o grelo ajudava os amantes da Rosa a descobrirem o ponto e o ritmo certo para a moça ficar bem excitada e molhada. Dizia para eles lamberem assim, para eles massagearem assado. Era uma coisa fantástica! Sorte dessa moça ter um grelo como auxiliar de gozo. Mas um dia a Rosa arrumou um namorado eloqüente pra dedéu e o grelo ficou meio intimidado e calou-se para sempre. Aí foi a vez da Rosa falar: vai Rodrigo, faz assim, faz assado, assim-assado...


Desenho de Gustav Klimt (1862-1918)

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

nos dentes

eu sempre soube
sempre soube
mesmo quando tudo parecia acabado
eu sempre soube
sempre soube
mesmo quando o mundo dizia que nada adiantava
eu sempre soube
sempre soube
mesmo sem ver a luz no fim do túnel
eu sempre soube
sempre soube
mesmo me sentindo derrotada
eu sempre soube
sempre soube
mesmo quando ninguém acreditava em mim
eu sempre soube
sempre soube
mesmo quando me sentia só
eu sempre soube
sempre soube
mesmo com o tesão ausente
eu sempre soube
sempre soube
mesmo desesperadamente descrente
eu sempre soube
sempre soube
mesmo sem paciência de esperar
eu sempre soube
sempre soube
Que a vida se agarra nos dentes.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

eleições

"O PSOL fará como a Carolina na janela?

...O exemplo da esquerda chilena é uma boa comparação à atual situação eleitoral brasileira . Apesar de a esquerda ter lançado uma candidatura, no 2º turno ficaram Sebastián Piñera, direita pinochetista, e Michelle Bachelet, da Concertação, uma coligação centrista no poder há vários anos. O Partido Comunista, de antemão, declarou sua oposição às duas candidaturas classificadas como neoliberais. A agremiação estabeleceu, no entanto , o objetivo central de derrotar a direita histórica , representada por Piñera. Apresentou um programa mínimo de 5 pontos a Bachelet,como pré-condição ao apoio eleitoral , mantida a oposição a seu eventual governo.A posição propiciou a radicalização das mobilizações democráticas e populares, intensas durante este primeiro ano de governo Bachelet.
(...)
Há duas possibilidades: manifestar-se claramente contra a candidatura da direita, apoiando criticamente Lula, ou lavar as mãos. A Carolina na janela, da música de Chico Buarque, foi a única que não viu o tempo passar. O PSOL ficará na janela (ou no muro?). Pelo sim, pelo não, o tempo político está passando." (Antônio Augusto. In Carta Maior).

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Thor



Thor, o deus nórdico. Será que ele, juntamente com Bruce Lee, também nos ajudaria a liderar uma revolução socialista?
Um martelo poderosíssimo ele já tem. Só falta quem dê a foice...

Teatro de Ruídos

Essa é uma história de uma sombra que se transformou num ruído. Gostaria de descrever exatamente como era esse ruído mas é impossível, apesar de reconhecível, vocês verão adiante o porquê. O máximo que posso lhes dizer, caros e caras, é que todo ruído é um som fora do contexto. Explicando melhor: se alguém está ouvindo música e o telefone toca, isso é um ruído. Outro exemplo: se pessoas estão conversando e alguém chega batendo bola no chão, isso é um ruído. Deu pra entender?

Mas a sombra não: sombra é uma “entidade” sempre dentro do contexto. A sombra sempre acompanha o seu dono, é uma espécie de espelho sem luz (apesar de depender da luz pra existir). A sombra é sempre fiel aos movimentos do seu parceiro inseparável. Só quando o sol está no zênite ou não há luz, ela se intimida. Mas essa sombra nasceu com espírito de rebeldia, anarquia, zombaria. Um determinado dia, ela estava um tanto preguiçosa e resolveu não acompanhar o seu dono, saiu totalmente do contexto. Ficou em casa, de pernas pro ar, deitada no sofá. Seu dono não gostou nadica de nada do seu comportamento e repreendeu-a. Outro dia ela estava bastante alvoroçada e saiu na frente sem esperar seu dono, novamente saiu do contexto e o dono, novamente, ficou danado com ela: “Ora, quem já se viu? Minha própria sombra passando adiante de mim. Era só o que faltava”.

Então a sombra começou a prestar atenção em certos ruídos. Ruído do computador, ruído de fax, ruído de motor, ruído de cadeira arrastando no chão, ruído de máquina de lavar roupa, ruído de descarga. Ah, são tantos ruídos urbanos. Ruídos que quase desaparecem ao anoitecer e assim se pode ouvir música mais baixinho no toca-discos. Mas aí com tanto silêncio assim-assado é possível ouvir o ruído da agulha no toca-discos. E também o ruído dos dedos arrastando nas cordas do violão. E foi exatamente por esse ruído que a sombra se apaixonou. Assim ela deixou de ser sombra e passou a ser também um ruído de arrastar de dedos nas cordas do violão. Passou a ser alguém, ops, quero dizer, algo. Imaterial, é verdade, mas independente do som que o violão produzia. Complementando-o, apesar de estar fora do contexto do pentagrama musical, da clave de sol, do dò ré mi fá sol...

Faz sol, e a sombra que virou ruído já não precisa seguir as regras do Astro Rei para existir e ser feliz. E depois de um tempo, totalmente adaptada à vida de ruído, criou, juntamente com seu companheiro ruído, um Teatro de Ruídos espetacular e de dar inveja à qualquer Teatro de Sombras que existe por aí. Mas por favor, não me peçam para explicar como funciona esse Teatro de Ruídos: ele é absolutamente inexplicável, só pode ser vivenciado.

neutralidade da rede ameaçada


Apesar do foco político no Brasil, este mês, ser a eleição presidencial, achei oportuno publicar um texto sobre um assunto que atinge a todos que se conectam a internet e também, indiretamente, àqueles que não têm acesso à rede, por se tratar de uma violação ao direito de expressão e comunicação. Sei que o artigo está um pouco defasado (junho/2006) mas não encontrei artigo mais atualizado sobre o assunto.

O desenho acima é do coletivo re:combo que realizou uma instalação inspirada na ameaça do fim da neutralidade da rede.

Eis o texto, na íntegra:

O fim da neutralidade da rede
Editoria: Comitê Gestor da Internet
19/Jun/2006 - 12:49

Apoiadas em seu poderoso lobby no Congresso americano, gigantescas operadoras norte-americanas de telecomunicações - como a AT&T, Verizon e Comcast - estão conseguindo mudanças de regras que desfiguram a internet como a conhecemos, em sua condição essencial de rede de comunicação livre, sem discriminações técnicas e aberta à inovação.
A nova lei trará, seguramente, prejuízos à sociedade americana (e ao mundo).

O projeto já foi aprovado pela Câmara dos Estados Unidos e está em fase de discussão final na Comissão de Comércio do Senado. É claro que essa ameaça pesa também sobre o mundo, pois a força do precedente repercutirá além das fronteiras americanas e poderá inspirar retrocesso semelhante, inclusive no Brasil. A advertência foi feita pelos professores Lawrence Lessig e Robert W. McChesney, das Universidades de Stanford e Illinois, respectivamente, em artigo publicado no jornal Washington Post, e transcrito pelo Estado, dia 12 de junho.

Tudo começou com a queda do princípio da neutralidade da rede, no ano passado, por decisão da Comissão Federal de Comunicações (FCC, de Federal Communications Commission) a agência reguladora americana. Esse princípio obriga as empresas de telefonia e de TV a cabo a darem tratamento técnico rigorosamente idêntico a todas as mensagens que circulem pelo sistema, sejam as geradas por provedores de conteúdo (sites e blogs), sejam por usuários de e-mail, abrindo aos interessados as portas da rede via provedores de acesso. Assim, além de manter o livre fluxo da comunicação online, cabe às teles e aos provedores garantirem que tudo na internet trafegue com a mesma rapidez, sem privilégios de espécie alguma.

Relembremos as origens da rede. Criada praticamente no início dos anos 1970, no auge da guerra fria, para a segurança e proteção de conteúdos estratégicos, armazenados em universidades, laboratórios e entidades públicas norte-americanas, a internet ganhou dimensões globais nos anos 1990, graças a dois inventos. O primeiro deles foi a criação, em 1973, do protocolo IP (Internet Protocol) de comunicação entre computadores, pelos engenheiros americanos Vinton Cerf e e Robert Kahn. O segundo avanço foi o desenvolvimento em 1990 da WWW (World Wide Web), a famosa teia mundial, pelo físico inglês Tim Berners-Lee, revolucionando o modo de navegação e apresentação de conteúdos, com a integração de textos e imagens, por meio de hyperlinks e conexões instantâneas, em linguagem HTML (Hypertext Markup Language).

Surpreendendo seus colegas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN, na sigla em francês), em Genebra, Berners-Lee decidiu ceder gratuitamente ao mundo seus direitos sobre o software da WWW. O altruísmo do pesquisador contrasta com a ganância atual das operadoras de telecomunicações americanas. Sua resposta aos colegas de pesquisa foi categórica: "Não preciso desses royalties. Por isso, eu os cedo gratuitamente à humanidade. É a minha contribuição à democratização e universalização da internet".

Além do princípio da neutralidade de tratamento tecnológico, outros fatores foram decisivos na expansão da internet, como, por exemplo, os investimentos altamente subsidiados feitos por governos e instituições militares de diversos países para a implantação e ampliação da rede. Foram esses subsídios que tornaram viável a utilização da web por milhões de usuários em todo o mundo, a custos particularmente baixos, formados praticamente pelos preços do acesso local a provedores e a conteúdos de sites, portais, blogs (sites interativos) e podcasts (com informações e entrevistas em áudio).

O crescimento do número de usuários da internet no mundo tem sido impressionante, impelido pelo protocolo IP, pela teia WWW e pelos softwares de navegação ou browsers (como Explorer, Netscape ou Safari). De pouco mais de 50 mil de usuários em 1991, a rede atingiu o primeiro bilhão em 2002 e 1,6 bilhão no final de 2005. Para 2010, estima-se que possa alcançar 3 bilhões de seres humanos e, em 2015, provavelmente 4 bilhões (quando a população do planeta deverá estar por volta de 7,2 bilhões).

Mesmo reconhecendo a existência de conteúdos de baixo nível, que devem ser reprimidos com o máximo rigor - em especial os que envolvem pedofilia, furto de identidade, fraudes, propaganda nazista e terrorismo -, o saldo de benefícios oferecidos pela internet nos últimos 15 anos é largamente compensador. A contenção da fraude e de abusos não pode justificar nenhum retrocesso quanto à abertura da rede e a neutralidade da rede perante os usuários.

Hoje, são os produtores e usuários que têm o controle e a posse de todas as informações na web, e não os eventuais operadores das redes que os conectam. A neutralidade da rede não pode, portanto, ser eliminada, porque é ela que assegura igualdade de tratamento a todo o conteúdo da internet, à mesma velocidade, sem qualquer discriminação. Essa é sua grande característica democrática.

Prepare-se para resistir, leitor.

Fonte:
O Estado de São Paulo

E eu acrescento: Prepare-se para combater, blogueiro!