em estado de inútil
ao deixar o dia recostado à janela
em silêncio azul espichado no tempo
tal como gato caminhando
na mansidão das horas
etéreo e lento
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Seu João toca instrumentos de sopro
ele faz música de sopro e cor
mas ninguém ouve nem
o sopro nem
a cor
Gosto muito de ver Seu João tocar
e ouvir a cor de cada sopro
Acho que Seu João bebe
todo dia
uma taça de arco-íris
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Ana costumava abandonar o amarelo na parede do quarto
não dava o menor sentimento
Certo dia pegou um punhado e engoliu inteiro
só então ouviu a cor
de dentro
Agora Ana pensa que tem harpa na barriga