segunda-feira, 22 de junho de 2009

Lucidez


O sistema deseduca as pessoas quando valoriza o "ter" ao invés do "ser". O sistema é perverso quando diz o que a gente pode ou não pode fazer. O sistema ilude as pessoas quando cria necessidades desnecessárias que, ao longo do tempo, revelam-se obsoletas.


Irado, Paulo rasgou seu diploma. Em crise existencial, Sônia queimou o seu com a ponta do cigarro. João não tem diploma e está muito ocupado escrevendo uma reportagem sobre a luta pela terra do povo indígena xucuru.

Paulo, Sônia e João são jornalistas. No entanto, apenas João não se deixa iludir pelo sistema. Alguns dizem que João é louco. Mas ele nem liga pra isso: continua seguindo pela contramão.


PS: dedico este modesto texto a todas as pessoas que sabem escrever, jornalistas ou não - com ou sem diploma - que não se rendem ao sistema.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

MEGA-NÃO ao AI-5 Digital


(Do blogue do Pirata)

holas.

imagino que tod@s saibam, ainda que apenas superficialmente, de um projétil de lei do $enador tucano eduardo azeredo com o qual, atendendo exclusivamente aos intere$$e$ de seus [dele] adestradores [bancos, gravadoras, $inhá mídia et caterva - enfim, o phoder], pretende implantar na uébi um sistema de vigilância que se pode definir como um híbrido de campo de concentração mental e bigue bróder - George Orwell, o profético autor de "1984", vive...

contrários a isso - e quem, em sã consciência de seus direitos, não haverá de sê-lo? -, grupos de pessoas representantes dos mais variados segmentos profissionais, dos mais diversos movimentos populares, organizaram, e com bastante eficiência e êxito, em São Paulo e em Belo Horizonte, edições de um encontro/fórum [físico, não apenas virtual] chamado MEGA-NÃO ao AI-5 Digital, no qual debateram ações a serem adotadas para um efetivo combate ao citado projétil.

estou disposto - muito, diga-se - a organizar uma edição desse debate aqui em Brasília - dispensável, acredito, explicar o porquê -, mas, óbvio, impossível fazê-lo sozinho - e, mesmo, acredito que o evento assistirá aos ideais de toda e qualquer pessoa que preze o direito à privacidade e à liberdade de expressão -, com o que venho por meio deste plá pedir que, primeiro, divulguem esta minha ação cidadã entre os seus contatos [tod@s serão bem-vind@s, claro, pois idéias nunca são demais, mas, preferencialmente, os que residem em Brasília], divulguem em suas caxangas virtuais, se possível, e, por fim, complementar a essa, a divulgação do linque do blogue que criei para contato - e consequente troca de informações - com as pessoas interessadas em participar, ajudar.

bueno, o linque é esse aí, abaixo:

http://ciberativismo.ning.com/profiles/blog/list?user=2qe0whn9zaj3m

tenho motivos de sobra para lhes pedir, em razão de segurança [do evento e minha, pessoal], duas coisas:

1) digam aos seus contatos que sou limpinho e que não durmo no silviço; e, muito, muito importante
2) que, ao fazerem contato, digam através de quem tomaram conhecimento da coisa.

é, era isso.

não me desejem, por especial fineza, sorte e ou bençãos de o deus, pois só quem não se garante precisa disso.

se quiserem, torçam apenas para que não me faltem saúde, saco e lucidez.
para o resto, com paciência e cuspe, sempre dá-se um jeito.

y tengo dicho.

gracias y hasta,

Pirata, um vosso capitão gôche

quinta-feira, 11 de junho de 2009

intensa


Lígia gosta de lamber esperma. Lambe tudinho, tudinho, do início ao fim. Lambe com sofreguidão. Lambe morrendo de fome. Lambe celebrando a vida que jorra do seu amado. Lígia não deixa escapar uma gota de vida sequer. Quando lambe, Lígia é a própria vida: a vida e o desespero de vida.

terça-feira, 2 de junho de 2009

o bichinho


Já o procurara por todo canto: debaixo da cama, dos móveis, dentro dos armários, gavetas e guarda-roupa. Procurara até nos lugares mais improváveis como geladeira, forno do fogão e lata de lixo... Vinicius revirara o apartamento pelo avesso, e nada de encontrar o bichinho.


Então procurou os vizinhos e, de porta em porta, perguntou a cada um, descrevendo minuciosamente forma, tamanho e cor, mas ninguém tinha visto o bichinho.

Saiu do edifício e foi procurá-lo pelas ruas do bairro, em baixo dos automóveis, em cima das árvores, em bueiros, em sarjetas, em contêineres de lixo reciclável, vidro, plástico, papel e nada, nada, nenhum sinal do bichinho.

Começou a achar que o perdera definitivamente, e sofreu com isso. Sentou, desolado, no meio-fio da calçada, acendeu um cigarro e começou a divagar: "Ele deve estar rolando pelas ruas, solitário... ou talvez, cansado de mim, tenha criado asas e voado para bem longe...". Vinicius suspirou melancolicamente e seus olhos marejaram. Foi quando uma brisa leve lambeu seu rosto. Pensou na Lígia... Levantou-se e, mais calmo, voltou ao apartamento. Quando chegou, o telefone tocava. Correu para atendê-lo.

- Alô.
- Vinicius; sou eu, Lígia.
- Lígia! - disse Vinicius, animado, ao ouvir a voz da moça com quem tinha saído na noite passada.
- Você não tá sentindo falta de nada, não? Ele tá bem, viu? Tá aqui, no meu colo...

Diante daquelas palavras, Vinicius sorriu, meio aliviado, meio encabulado: deixara seu coração, o bichinho, na cama da Lígia.