segunda-feira, 30 de abril de 2007

1, 2, 3 e...

viva um momento de cada vez
diga uma palavra de lucidez
aprenda um pouco de chinês
leia Asterix, o gaulês
assista José Celso Martinez

lembre-se do maiomeiaoito francês

agora conte até 3
e faça a revolução de uma vez


sábado, 28 de abril de 2007

tamo aqui pra aperrear

nosso estilo é não ter estilo
nosso estilo é um não-estilo
nosso estilo é do contra
nosso estilo é um contra-estilo
porque, porque

se um estilo aperreia muita gente
um contra-estilo aperreia muito mais...



Uma modesta homenagem aos 40 anos de poema/processo e a Moacy Cirne, um de seus mentores, um Menino de 64 anos contracultural e contra-ideológico.

Valeu, cara, ou melhor, tá valendo!!!

O blogue do Moacy é o Balaio Porreta 1986.
Vale a pena cair nesse balaio!!!

sexta-feira, 27 de abril de 2007

uma notícia bacana & um poema sacana

NENHUM DIREITO É RESERVADO
O Brasil é apontado como principal nação pró-software livre do mundo. (Carta Maior)


Pena que a razão seja mais por questões de segurança e economia do que contra-ideologia. De toda forma é uma boa notícia...


***********


ali

você brinca comigo
e sorri
enfia os dedos
aqui e ali
se esfrega e mergulha
(aqui) na carne
banhada de leite
mas não goza
e sacanamente
me fode (ali)
onde minha resposta
é mais ardente.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

meu estilo é não ter estilo
outro dia eu falo mais sobre isso
e isso não é poesia
ou é?

quarta-feira, 25 de abril de 2007

haicais urbanos


avenida deserta
minhalma padece
no meio-fio


asfalto quente
sinto falta do cheiro
de terra molhada


um sorriso –
do outro lado da rua
me chama um amigo

sinal vermelho –
na faixa de pedestre
um motorista imbecil



Foto: Raul Kawamura (in Recife em Retratos)
Av. Conde da Boa Vista.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Pensando a Cidade - 2


Do ponto de vista da relação do ser humano com a cidade existem, basicamente, duas personas: o motorista de automóvel e o pedestre. Provavelmente estou sendo por demais simplista. Mas não quero complicar as coisas por isto serei novamente simplista. Existem dois tipos de arquiteto/urbanista: aquele que sonha e planeja a cidade do ponto de vista do motorista e o que sonha e planeja a cidade do ponto de vista do pedestre. Por uma série de razões e também por ser pedestre sou do time do segundo grupo.

Ontem à noite participei de uma reunião com os moradores do bairro onde moro, em uma escola de ensino fundamental, aqui mesmo, nas Graças, quando técnicos da Prefeitura do Recife expuseram o projeto para a beira-rio, deste mesmo bairro. Fui bem animada esperando encontrar algo semelhante ao projeto, já executado, da margem oposta, onde caminho diariamente: uma rua com mão dupla, pista de cooper, árvores e manguezal preservados. Mas para minha decepção me deparei com um projeto de avenida com quatro faixas, sem pista para caminhadas e a eliminação de boa parte do manguezal, visto que não há espaço suficiente para construção de uma avenida. A justificativa dos técnicos é aquela velha história da “necessidade de desafogar o trânsito”.

O Bairro: As Graças é um dos bairros mais agradáveis de se morar no Recife. Arborizado, ruas estreitas, predominantemente residencial, casas, edifícios antigos (existem novos edificios mas ainda é minoria). Quem mora aqui quer se preservar do inferno que é morar próximo às grandes avenidas mas também quer ver o trânsito fluir rápido. E agora, José?

Não sou especialista em urbanismo mas nem precisava ser para constatar que a abertura de grandes avenidas nunca resolveu (a não ser paliativamente), nem resolverá o problema de congestionamento de veículos nas cidades. A cada dia as pessoas adquirem novos automóveis. Uma família tem três, quatro carros. Digo famílias da classe media/alta, porque o pobre mal tem dinheiro para passagem de ônibus, por isto anda de bicicleta ou à pé. Podem-se abrir mil avenidas e o problema sempre permanecerá. Então qual a solução?

A solução é uma política urbana que valorize o transporte público: ônibus e metrô. Ciclovias também são bem-vindas e ao mesmo tempo uma campanha de conscientização da população. Faz-se necessário uma mudança de mentalidade e valores. Enquanto nossa sociedade privilegiar o “comprar e possuir” em detrimento do “compartilhar e contemplar” não conseguiremos ter qualidade de vida, nem meio-ambiente preservado.

Quanto ao projeto da beira-rio...mais reuniões virão, mais discussões...Espero que nós, moradores das Graças, consigamos barrar esse projeto e alterá-lo a fim de preservar a humanidade do nosso bairro.
Mapa acima: trecho do bairro das Graças.

sábado, 21 de abril de 2007

haicais

a chuva cai
o som do silêncio
ressoa nas telhas

gotas de suor
deslizam na pele
minha língua dança
ouço-te em versos
ao meu redor
tudo canta
o amor me olha de fora
de dentro
você me namora

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Dia do Índio



Foi ontem, eu sei. Bem verdade só me lembrei à noite, na hora do jantar, quando minha sobrinha disse que um casal de índios visitara sua escola.

Fiquei pensando como homenagear nossos índios, bravos e resistentes guerreiros e guerreiras. Não tive idéia de poema mas me lembrei deste, belíssimo, que me emocionou quando li pela primeira vez na minha adolescência. E ainda me emociona, seja pelo significado, seja pelo ritmo e musicalidade indígena, bastante forte.



Canção do Tamoio (Natalícia)

Gonçalves Dias


I

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II

Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III

O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves conselhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV

Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI

Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII

E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX

E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X

As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.


A foto acima é de índios Bororo
(sem data, sem autoria)
do acervo do Museu do Índio

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Um grafite + um poeminha

Paulo Leminski foi um admirador da arte grafite e fez este Grafitti em homenagem a todos os grafiteiros.





Quem tem Q.I. vai
in Kamiquase


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mesmo distante
mesmo velado
vislumbro
teu sorriso alado

sandra camurça

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Arte do chá

de Paulo Leminski


ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo




sexta-feira, 13 de abril de 2007

monólogo ao pé-da-cama

Talvez amanhã. Amanhã eu penso. Pra que se preocupar com tanto contra-senso?

Sem falar que tem certos assuntos que não se chega a conclusão alguma juntos.

E por que me exiges razão o tempo inteiro, se pra dormir eu gosto de contar carneiro?

Olha, se é pra viver comigo, tu vais ter que abrir mão de um pouco de sentido.

Agora, meu bem, tira esse calção porque de sexo sou eu que não abro mão...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Futebol: Outra Poesia

Pra vocês verem como são as coisas. Ontem à noite o Santa Cruz, carinhosamente conhecido como “0 Mais Querido” ou simplesmente “Santinha”, derrubou a invencibilidade do Sport (a Coisa), já bicampeão Pernambucano, até então invicto neste campeonato. A vitória do Santinha sobre o time rubro-negro (1 x 0) foi uma grande surpresa para os torcedores de ambos os times. Por quê? Explico:

O tricolor vinha acumulando derrota em cima de derrota neste campeonato, perdeu um grande artilheiro, Carlinhos “Bala”, contratado pelo Sport e, apesar de ter o artilheiro com maior número de gols do certame, Marcelo Ramos, o Santinha terminou na quarta colocação. No penúltimo jogo perdeu por 5 x 2 pro Cabense, time considerado fraquinho, do Cabo de Santo Agostinho, município pertinho de Recife.

Assim, quem poderia imaginar que a Cobrinha Coral, como verdadeiro gladiador, derrubaria o invencível Leão da Ilha? Como explicar que um time desanimado e fracassado tenha vencido um time animado e vitorioso? Tudo bem, venceu em casa, jogou no seu estádio. Mas só por isso? Não, não...

Futebol é paixão mas também é ódio. Paixão e ódio são duas faces da mesma moeda. É muito tênue o limite entre esses dois sentimentos. Não vi o jogo mas sei que a rivalidade entre o tricolor e o rubro-negro é muito forte. Tenho certeza que o Santinha jogou com paixão (pelo futebol) e ódio (pela Coisa). E essa era a oportunidade de impedir que o bicampeão terminasse invicto no campeonato.

Futebol é emoção, principalmente o futebol brasileiro. Não adianta técnico querer imprimir um modelo europeu ao nosso futebol senão o que ganha-se em técnica e profissionalismo, perde-se em criatividade e improviso. Por isso adoro o futebol africano: Gana, Angola... futebol alegre, aberto. Muito ingênuo, sei, mas é gostoso de se ver.

O legal é brincar com a bola, fazer que vai e não vai, passar a bola entre as pernas do jogador do time oponente e depois rir da cara dele. E o nosso futebol, na essência, é isso: é alegria, é ginga, é malícia. É batucada, é piada, é no boteco a cerveja gelada. Mas também é choro, é sofrimento, é comoção, é paixão. Nosso sangue é latino, mouro, africano. Nosso futebol é carnaval, é música e também poesia...

Por isso: SALVE SANTINHA SALVE!!!
E sejamos autênticos, sempre...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Hidrante (com H) e fundo colorido



Tinha um falo
no meio do caminho
(a caminho)
No meio do caminho
tinha uma falo
(a caminho)
Tinha um falo
no meio do caminho...

E no fundo
(jorrou)
bem ali
(esporrou)
no fundo, enfim
o paraíso colorido
sorriu pra mim.




Foto: Raul Kawamura (in Recife em Retratos)

terça-feira, 10 de abril de 2007

tua gala

não adianta lavar
vem de dentro
esse cheiro
esse leite
esse alimento
que injetaste
no meu corpo
há pouco tempo

Lambe, vai

Tem língua ferina
cunilíngua
e linguaruda

Meu amor, pensando bem
vou precisar da tua ajuda...


Iggy Pop

sábado, 7 de abril de 2007

Pererê

O Vento é um sujeito
(des)encanado
É bicho solto
que corre
pra todo lado




Mas gosto mesmo
de vê-lo
redemoinho
porque é sinal
de Saci
no caminho
Imagem de saci: google images


sexta-feira, 6 de abril de 2007

eu não sou cachorra não...

Não quero o osso
quero a carne...
carne dura
que exibes
orgulhoso
que exala
um cheiro
cheiroso
que espuma
um leite
amargoso
alimentando
meu prazer
libidinoso.
Eita, nêgo gostoso!

quinta-feira, 5 de abril de 2007

As Cartas

Magnólia não gostava de emeios. Ela gostava de cartas, todo tipo de carta: cartas de baralho, cartas de tarô, cartas geográficas e também aquele tipo de carta escrita à mão que algumas pessoas ainda enviam umas para as outras, via Correio.

Alguém aí já enviou cartas de amor pelo Correio?

Por gostar tanto de cartas Magnólia acabou indo trabalhar no Correio de sua pequena cidade, Grafolândia, e especializou-se em abrir e fechar os envelopes das cartas sem que ninguém percebesse. Ela fazia isso não porque fosse mexeriqueira ou tivesse interesse no conteúdo das cartas mas sim porque gostava de apreciar a grafia das letras. E as grafias eram muitas e diversas: umas gordinhas e baixinhas, outras magras e altas, umas inclinadas para o lado direito, outras inclinadas para o lado esquerdo, algumas bastante claras e legíveis, outras muito barrocas, quase ilegíveis. E eram estas últimas as suas prediletas porque podia ater-se totalmente na grafia: como disse anteriormente, à Magnólia não interessava o conteúdo das cartas.

Aí então ela tirava cópia dessas cartas na copiadora vizinha ao correio e o dono da xerox era seu conivente e apreciador da técnica do calígrafo.

O que Magnólia fazia depois com essas cópias?

Bem, ela datava-as, emoldurava-as e pendurava-as nas paredes da sua singela casinha como verdadeiras obras de arte junto às cartas geográficas, às cartas de baralho e às cartas de tarô.

in nganga_______adoro manga (meu antigo blog desativado)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

terça-feira, 3 de abril de 2007

um amor arretado!

meu amor por você
não acabou:
dorme comigo
encangado

virou-mexeu
tá acordado
fazendo cócegas
onde não devia...

domingo, 1 de abril de 2007

brinquedo

cresci
aprendendo a viver e morrer
mas ainda tenho meus brinquedos
que não me deixam envelhecer