Magnólia não gostava de emeios. Ela gostava de cartas, todo tipo de carta: cartas de baralho, cartas de tarô, cartas geográficas e também aquele tipo de carta escrita à mão que algumas pessoas ainda enviam umas para as outras, via Correio.
Alguém aí já enviou cartas de amor pelo Correio?
Por gostar tanto de cartas Magnólia acabou indo trabalhar no Correio de sua pequena cidade, Grafolândia, e especializou-se em abrir e fechar os envelopes das cartas sem que ninguém percebesse. Ela fazia isso não porque fosse mexeriqueira ou tivesse interesse no conteúdo das cartas mas sim porque gostava de apreciar a grafia das letras. E as grafias eram muitas e diversas: umas gordinhas e baixinhas, outras magras e altas, umas inclinadas para o lado direito, outras inclinadas para o lado esquerdo, algumas bastante claras e legíveis, outras muito barrocas, quase ilegíveis. E eram estas últimas as suas prediletas porque podia ater-se totalmente na grafia: como disse anteriormente, à Magnólia não interessava o conteúdo das cartas.
Aí então ela tirava cópia dessas cartas na copiadora vizinha ao correio e o dono da xerox era seu conivente e apreciador da técnica do calígrafo.
O que Magnólia fazia depois com essas cópias?
Bem, ela datava-as, emoldurava-as e pendurava-as nas paredes da sua singela casinha como verdadeiras obras de arte junto às cartas geográficas, às cartas de baralho e às cartas de tarô.
in nganga_______adoro manga (meu antigo blog desativado)
3 comentários:
Gostei muito, mas muito mesmo desse texto, dona moça. Parabéns e beijos.
Também viagens, como pelas cartas cartográficas... Muito doce...
Reli e tornei a gostar muito, muito mesmo de novo. Beijos.
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