sábado, 8 de outubro de 2011

a gente não quer só ipod, a gente quer (e pode) fazer outro mundo

ÚTIL/INÚTIL - arte com efeito de computação gráfica

O noticiário recente sobre a morte do presidente da Apple Inc., Steve Jobs, me trouxe preocupações que, na realidade, nunca me abandonaram. Preocupações que tem a ver com a sociedade moderna e seu consumismo exacerbado.

Acho muito bacaninha esses ipods, ipads, iphones mas, sinceramente, estão longe de fazerem parte dos meus sonhos de consumo. Na verdade, nem tenho tantos sonhos de consumo assim. E quando se trata de tecnologia, sou ainda menos ambiciosa.

Que desde já fique claro que não tenho nada contra a tecnologia, se tivesse não teria computador, nem blog, nem twitter. Adoro essa invenção dos podcasts pra baixar e ouvir música. Efeitos de computação gráfica no cinema e nas artes em geral, bem como efeitos eletrônicos nas músicas, gosto, gosto muito. Tem  ainda os gifs, que são aquelas imagens animadas, muito presentes na web, que também acho muito divertido.

Não, a tecnologia não me incomoda, de modo algum, ela já faz parte das nossas vidas e a considero muito bem-vinda. O que me incomoda mesmo é a valorização desmedida da tecnologia em detrimento da educação e de outros valores humanos. A sociedade de consumo diz que precisamos disso e daquilo. A publicidade nos bombardeia diariamente com mensagens, subliminares ou não, seja na televisão, na web e noutras mídias. Vejo pessoas com seus supercelulares nas mãos e nenhuma ideia na cabeça. Existem exceções, claro. Tenho amigos apaixonados por tecnologia mas criativos, inteligentes e informados.

Todos esses produtos - PC, ipad, ipod, tablets, etc -  frutos da tecnologia da informação, foram inventados para facilitar, agilizar e democratizar o acesso a mesma. Mas acho (não sou da área educacional para fazer afirmações) que são mal utilizados na educação e na formação de novos criadores, gente que pensa, critica, inventa e principalmente, que sente. Certamente existem iniciativas neste sentido mas são exceções à regra.

A questão é que não basta ter acesso a informação, é preciso saber o que fazer com tanto conteúdo informativo, daí a importância da educação mas não essa educação na qual as pessoas apenas acumulam conhecimento mas sim ser educado com espiírito crítico e criativo. Na verdade o conhecimento só acontece, de fato, com espírito questionador.  Mas infelizmente somos educados apenas a reproduzir o que já existe e não a criar algo novo, pensar diferente.

Bem, não pretendo me estender mais.

Resumindo: não adianta investir tanto em tecnologia sem investir em educação de qualidade. Sem educação nada muda, nem as pessoas, nem o mundo. Sem uma boa educação, uma educação cidadã, dificilmente as pessoas vão repensar os valores da nossa sociedade, principalmente os valores consumistas. Sei que não estou dizendo novidade. Este texto é só pra lembrar pois essa luta é antiga...

PS1: o título desta postagem é uma paráfrase (bastante utópica, eu sei...) dos versos de Comida, música dos Titãs.
PS2: vale ler um lindo conto no blog da minha querida Vais, que critica, de modo mais poético, nossa sociedade de consumo.

5 comentários:

Fred Caju disse...

Me ganhou pelo título e conseguiu me segurar até o ponto final. Que bom!

Suely disse...

Boa reflexão, Sandra. O título, bem provocativo. Beijo.

o refúgio disse...

Fred, parabéns por ter conseguido ler até o final, rs... às vezes penso duas vezes antes de escrever um texto maior do que o costumo escrever. Penso q ninguém vai ter saco de ler, rs... Mas de todo modo eu escrevo, antes de tudo, pra mim e por mim :)
Um abraço

**

Suely, querida, grata!
Beijos

Vais disse...

Ei, querida
êta que o desenho encaixou direitinho com o texto, heim?!parece um redemoinho de objetos, ou mesmo um buraco sugando a quantidade de metais, fios, plásticos, e nós provavelmente lá bem no fundo, hehe

Sandrinha, viajei muito neste texto seu, gostei muito e concordo com todas as colocações que você faz sobre educação, modernidade, tecnologia, fico vendo que hoje os donos para venderem seus produtos eles direcionam através dos fazedores/imaginadores das propagandas e o que acontece é que estão deturpando/usurpando de vários conceitos criando uma falsa realidade na vida das pessoas.
às vezes me sinto tão antiga e tão desligada desses tantos de i.
ri até lendo sua mensagem sobre os lances aqui no Refúgio, Soundcloud, divShare, ai, ai, ai, ahahahahahah

ótimo, viu querida

Valeu por ter indicado o texto lá no aosabor, lindo mesmo

beijão, maninha

o refúgio disse...

Vais, flor

Esse desenho é do ano passado, já tinha postado aqui. Depois que escrevi esse texto fiquei procurando uma imagem que tivesse a ver, daí me lembrei desse desenho, acho que combinou mesmo :)

Vais, olha que eu até gosto de publicidade, tem algumas bem criativas. Mas, de uma maneira geral, acho bem conservadoras. E acho demais esse bombardeio todo. Parece que antes de tudo precisamos "ter" e não "ser".

Ah, lembrei de uma frase do Fred Zeroquatro: "A propaganda é a alma sebosa do negócio"...rsrs... "alma sebosa" é uma expressão daqui de pernambuco e significa "mau elemento".

Quanto ao soundcloud, divshare, como tempo você se acostuma, rs...

Eu que agradeço pelo conto, querida!

Beijos