segunda-feira, 6 de outubro de 2008

ainda sobre revoluções (segunda e última parte)

Após a dissolução da antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), o "mundo livre" engrossou ainda mais sua lista de sofismas contra o socialismo. A grande mídia e os setores de direita disseram que aquele fato era a prova de que o socialismo estava fadado ao fracasso e decretaram o seu fim: " o socialismo está morto". Ora, se houve problemas e posterior esfacelamento da URSS foi por erros de seus líderes e pela persistência do ocidente em sempre tentar minar os Estados socialistas pois o modelo econômico capitalista obriga todas as nações a adotarem seu modo de produção.

Muitos podem dizer que não existe mais diferença entre direita (capitalista) e esquerda (socialista), que ambas se confundem, etc e tal. Estas pessoas estão equivocadas. Existe sim, polarização direita /esquerda e o socialismo continua vivo nos corações e mentes daqueles e daquelas que acreditam que um outro mundo é possível. Não se trata de otimismo alienado, nem ilusão. O socialismo é o único sistema capaz de oferecer direitos e oportunidades iguais porque altera o regime de propriedade e propõe algo revolucionário: o fim das classes sociais e com isto o fim da luta de classes. Impossível? Talvez (viva as utopias!). No entanto creio que mais impossível é acreditar que o mundo pode ser melhor apenas com honestos, caridosos e bons administradores, independentemente do sistema. Aos céticos, infelizmente, não tenho nada a dizer.

Há quem diga, criticando o socialismo, que a presença do Estado regulando tudo é ditatorial e suprime a liberdade. Concordo, em parte. A anarquia, talvez, seria o ideal mas exige um nível de organização, responsabilidade e consciência sociais que estão muito longe de serem alcançadas pela sociedade. Enquanto isso não acontece, o Estado não pode ser mínimo como defendem os neoliberais. O Estado é a unica instituição - até o momento - que pode garantir ao povo que ele não ficará a mercê das leis do mercado. De todo modo é bom lembrar que na "democracia" capitalista, o Estado está bastante presente fazendo das leis do mercado, suas próprias leis e socorrendo instituições financeiras com dinheiro público quando estas correm risco de falência, depois acalma o povo com assistencialismo e filantropia.

Mas fique tranqüilo, meu caro pequeno-burguês, num Estado socialista a propriedade privada não necessita ser totalmente abolida. Nem tudo precisa ser estatizado. Que fique claro que o socialismo não tem uma fórmula pronta, Marx e Engels não deixaram "a receita" e nem poderiam porque o socialismo se faz na práxis com a criatividade do povo. É um processo lento que exige de cada pessoa uma mudança radical na maneira de ver e pensar as relações pessoais, as relações sociais e o mundo. Cada nação deve descobrir o seu caminho que se faz caminhando, tropeçando, recuando e avançando.

Acredito que estamos vivendo um momento histórico especial na América Latina. Atualmente, a grande maioria dos países da América do Sul têm líderes de esquerda - ou ,ao menos, mais à esquerda - e na América Central ainda temos Nicarágua e Cuba (o herói da resistência ao imperialismo ianque). Movimentos sociais de esquerda também estão crescendo, se fotalecendo e lutando. Estamos todos unindo forças contra o Estado burguês e seu capital sujo. Ainda falta a consciência das massas, eu sei... mas a gente chega lá!

Oprimidos e oprimidas do mundo inteiro, UNI-VOS!
YA BASTA!


PS1: Ainda que bastante elementar esse quase manifesto é fruto das minhas inquietações de hoje e sempre.

PS2: Pensei em responder os comentários da postagem anterior mas ainda estou sem internet em casa e ficar muito tempo numa lanhouse não é possível. Perdoem-me.

PS3: Perdoem-me também aqueles/as que me enviaram emeio.

O desenho acima é de Rodolfo (Ro) Marcenaro do Manifesto Comunista (Marx & Engels) em quadrinhos.

8 comentários:

Roy Frenkiel disse...

So acreditarei na viabilidade do socialismo (o socialismo certo) quando houver a viabilidade da anarquia. Se nao, nao. Mas, a uniao faz sempre a forca.

bjx

RF

o refúgio disse...

Roy, algo me diz que o caminho que leva ao anarquismo passa pelo socialismo. Sabia que aqui em Recife tem uma banda punk-socialista? Cantam a Internacional, exaltam Lênin... Chama-se Subversivos. Eita que esse povo de Pernambuco é muito doido! Tudo doido bom, claro, rsrs...
Beijo.

Giovanni Gouveia disse...

Sandrinha, a Banda Subversivos é "muito doida" pq estudou no CAC :p

Bom post, só um adendo, a utopia Smithiana da "mão invisível do mercado" caiu(está caindo) por terra quanod a maior economia capetalista do planeta necessita de uma "ajudinha" de quase um trilhão de votos por parte do Estado, mas se essa ajudinha fosse pros sem teto ou pra erradicar a fome no mundo seria um absurdo...

Beijos pra ti :*
Giovanni

p.s. essa verificação de palavras está ficando mais difícil que transcrever O Capital aqui...

epzmjifp

Giovanni Gouveia disse...

errata, onde está escrito "votos por parte do Estado" leia-se "dolares por parte do Estado" (a eleição ainda está na inha cabeça...)

bziigedh

Moacy Cirne disse...

Para um manifesto, está ótimo. Decerto, sempre haverá pontos para questionamentos. A favor e/ou contra. O que, em si, é ótimo. Você vai longe, Menina! Beijos.

Jens disse...

Oi Sandrix.
Disseram que o socialismo morreu com a Queda do Muro. Agora, quem morreu foi o capitalismo, com a derrocada da economia americana. Conclusão: o mundo acabou.
O que ainda estamos fazendo aqui?
***
Beijos rubros e incandescentes.

Aline Gallina disse...

Um revolucionário blogueiro! Eita mundo modernizado, globalizado... e essa revolta que nos leva. Contra-sistema, contra-bando, contra-riado.
Não é fácil, camarada.


Ps.: Fazia um tempo que eu não vinha aqui. Estava com saudades.

orlando pinho disse...

ótimo sandra,
que reaqueçamos nossas reflexões
sobre as possibilidades de um outro mundo. neste.
que jamais deve ceder à sede ilimitada do vampiresco mercado, e muito menos ser refém, de quaisquer iluminados.
vamo nessa: pensando juntos!!!

beijabraços!!!