sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

moços, pobres moços...



“Os velhos são confusos porque sabem fazer muitas coisas que não se usa mais.” (Paulo Leminski)
                                                                                                                      

Desde que entrei no facebook há pouco mais de uma semana, quase todo dia fico fuçando o que tem de opções “curtir”. Às vezes lembro algum artista, poeta ou escritor e vou à cata pra ver se tem facebook.

Outro dia me lembrei de Nelson Leirner, artista que gosto muito, ainda que conheça pouco. E não é que achei! Tinha dúvidas se o encontraria porque Leirner tem seu próprio website onde estão expostos seus trabalhos desde a década de 60 até hoje. Mas suas últimas atualizações no facebook eram poucas e de 2011...

Daí fiquei imaginando – e só posso imaginar mesmo porque não conheço Leirner – que provavelmente por conta da idade (Leirner tem 80 anos) ele simplesmente não se adapta, ou não gosta  - ou não gosta porque não se adapta  - às redes sociais.  

Leirner, apesar da idade, exala juventude, anarquia, contestação e ludicidade em sua obra. Desde os anos 60 até hoje ele não perdeu o pique! Fiquei imaginando o quanto ele deve se sentir pouco à vontade e até confuso com computadores, internet e redes sociais. Além disso imagino que Leirner ocupe bastante tempo com sua arte, pensando, elaborando, experimentando, brincando!

Então lembrei a frase de Leminski que citei no início do texto e que se encontra em seu livro Catatau: “Os velhos são confusos porque sabem fazer muitas coisas que não se usa mais”.

Essa frase que, inicialmente, pareceu-me melancólica, numa segunda leitura me fez imaginá-la como se fosse o pensamento de muitos jovens que desdenham dos mais velhos por não saberem utilizar as novas tecnologias. Esse tipo de jovem não valoriza a sabedoria, a bagagem de experiência e conhecimento dos velhos, simplesmente por considerará-la inútil, “...que não se usa mais”.

Moços, pobres moços, agora lhes digo parafraseando o poeta: Os muito jovens que me perdoem mas velhice é fundamental!

Figurativismo Abstrato (2004)
arte de Nelson Leirner


Um comentário:

Jens disse...

O velhinho aqui agradece. Beijo,Sandrix.