Era uma dessas tardes de domingo melancólico. Ela não queria conversar. Estava sem atenção para qualquer leitura. Nem tinha grana para ir ao cinema. Pôs Kind of Blue no toca-discos e deitou na cama. Lembrou-se dele, daquele homem, amigo, amante querido. Ligou para ele:
- Posso ir até aí?
- Vem... - disse ele.
Aquela voz masculina, suave e calma, deixou-a mais leve, tranqüilizando sua alma inquieta. Levantou-se, trocou de roupa e foi à casa dele. Estava sozinho, ouvindo um som e fumando unzinho. Beijaram-se e fuderam a tarde inteira. Ele não lhe fez perguntas, não lhe deu conselhos, não pronunciou julgamentos. Pôs para tocar o disco do Miles que ela havia lhe presenteado recentemente e deitados na cama, colados um ao outro, ele a admirava observando-a fazer a distinção entre os sons do sax-tenor (John Coltrane) e do trompete (Miles Davis). Algo que ele ainda fazia com dificuldade. E ele a amava por isso.
7 comentários:
Madrinha,
amei teu texto...vivi cada frase junto com os personagens!
:D
'Kind of blue': uma das minhas viagens preferidas... 'Dimensão salvadora': um dos meus refúgios preferidos... Beijos.
:-)
existência plena
insisência na plena existência
sentidos todos plenos acesos experiência única que existe
vívida
vivida
vivificante
arfante afável palpável
salvadora
aquí assim extático agora testo sorvo seu texto
orlando pinhº d-silva
Que viagem. Objetivo e doce - real.
Apareça no Cinco Espinhos.
Abraços!
Aquela pequena diferença que faz toda a diferença.
Tu és genial.
Abreijo
Re
insistência
insistência
na própria existência.
relendo-a
relendo-me
em pelo arrepiando-me
lambendo-me.
pinho.
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