domingo, 19 de novembro de 2006

O Baú da Memória

Vinólia não é prima de Magnólia mas tem as suas excentricidades. Ela tem um lindo baú de madeira com detalhes e fechadura em ferro. Roubou, ou melhor, pegou emprestado eternamente de um Convento Franciscano do século XVIII. Vinólia adora tudo o que é antigo, principalmente baús antigos. Porque os baús lembram segredos, tesouros, memórias e aquela história do "Pluft, o Fantasminha" que ela assistia quando criança, divertindo-se pra dedéu!

Vinólia encontrou esse baú vazio cheio de mofo e cupim. Ficou indignada ao vê-lo em péssimo estado de conservação e conversando com o Frei Xaveco, muito bacana por sinal e um tanto quanto romântico, convenceu-o a ajudá-la a levar o baú dali para a sua casa. Em casa, Vinólia restaurou o baú com toda delicadeza e amor e depois da restauração colocou o baú em seu quarto, no sótão, ao lado da sua cama. Aí então reuniu tudo o que lhe era/é precioso: fotos, cartas, poesias, objetos de valor sentimental, memórias que vivenciou e memórias que apenas sonhou (e sonha).

Mas não pensem que o baú é uma espécie de arquivo morto, não. Muito pelo contrário: diariamente Vinólia visita as suas memórias... Seu tempo é sentido, pensado e vivido como descontinuidade. Porque ela não separa passado e presente. Eles são idênticos e se refletem como num jogo de espelhos: um no céu, outro no chão (Isto é a visão de mundo dos Apinayés, índios do Brasil central - ver "O que é etnocentrismo" de Everardo Rocha, Ed. Brasiliense. Ou Roberto Da Matta que conviveu com e estudou os Apinayés)
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in
nganga_________adoro manga

2 comentários:

Anônimo disse...

Baú de memórias, de histórias vividas e por viver. Bonito Sandrinha, bonito.
Um abraço.

Anônimo disse...

Que lindo, SANDRA... me lembrou histórias de vó e carinhos de tias...