a Allen Ginsberg e Vladimir Maiakóvski*
Isabel é uma mulher desocupada. Ela não ocupa o seu tempo. Ela perde o seu tempo.
Desde criança Isabel ouvia as pessoas dizerem pra não perder tempo com bobagens: poesia, música, arte... Diziam que artista era sujeito vagabundo, desocupado. Mas Isabel adorava poesia, música e arte. Por isso, quando cresceu, resolveu ser uma desocupada. “Perder tempo é a melhor coisa da vida!”. E Isabel perde tempo com tudo, principalmente escrevendo poesia. Virou uma “perdida”. E quando lhe perguntam o que ela é, Isabel responde com seu humor mordaz: “Soy una perdedora”. E então alguém diz: “não se preocupe, querida, um dia você vai se encontrar e com determinação subirá ao pódio dos vencedores, viu?”. E Isabel revira os olhos, impaciente.
- Será que vocês não entendem que o grande barato da vida não é encontrar-se mas sim, perder-se. O legal é seguir perdendo-se pelo caminho. Achar-se, encontrar-se, é conseqüência. E não me interessa ser uma “vencedora”. Percam tempo! Percam tempo! Experimentem! Dancem! Cantem! Façam das suas vidas poesia! Façam arte! Rasguem as fardas dos tenentes! Cuspam fora o sabor Mac Donalds dos dentes! América, quando você será amorosa?! Quando você merecerá seu milhão de hippies, punks, anarquistas?! Estou prestes a tomar de assalto o amor...
- É isso aí, gata!!! – disse um rapaz, aproximando-se de Isabel e falou aos tolos burgueses – “vós outros não podeis fazer como eu, virar-vos do avesso e ser todo lábios”*.
Seu nome era João, um vagabundo, um doce e romântico vagabundo. E depois daquelas palavras Isabel caiu de amores pelo poeta. Naquela mesma noite começaram a namorar. E João soube perder muito tempo lambendo Isabel. Lambeu como um gato. Nossa! Fez-se língua, todo lábios, todo amor.
5 comentários:
Oi Sandrinha.
Bateu saudade e vim te ver.
Um abraço e um beijo.
Isabel e João, João e Isabel: uma bela história de lambidas e carícias. Gostei do que li, Sandra. Um beijo.
Mon Dieu, mon Dieu, será q a Fulô e o João ficariam enciumados se eu tentasse namorar a Isabel? Ou ela naum passa de + uma criação sua? Bjs.
Sandrinha, vc tá ótima com sua dimensão salvadora de um refúgio legal e aconchegante. Bjs anarquistas.
Caro Felix: criador-criatura, realidade-ficção, tudo se confunde, não? A nossa vida a gente inventa. O amor romântico é uma invenção (maravilhosa por sinal). Quanto ao ciúme de Fulô, não se preocupe, ele é pequenininho feito o sinalzinho de carne que ela tem perto do umbigo. Mas...você tem tempo mesmo pra perder com a Isabel? Olha lá, hein. A moça gosta de dedicação. Beijos.
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